Supermercados esperam vendas na Páscoa de 2025 até 12% maiores, após queda em fevereiro
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Mesmo com a alta acumulada de 18% no preço do cacau em 2024 -o maior aumento entre as commodities agrícolas- o setor de supermercados espera vender entre 8% e 12% a mais na Páscoa deste ano em comparação com 2024, segundo projeções da Abras (Associação Brasileira de Supermercados).

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A data é considerada o segundo Natal das redes supermercadistas, com comercialização maior de ovos de chocolate, bacalhau e azeite, e deve compensar as perdas do setor em fevereiro, quando houve recuo de 4,5% no consumo.
"A projeção se apoia no emprego e renda e nas estratégias do varejo como ambientação das lojas, parcerias com a indústria, as marcas próprias e as vendas por canais digitais", afirma Marcio Milan, vice-presidente da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados).
Segundo ele, a alta do dólar é um fator que ainda trará impactos, especialmente em massas e azeites, mesmo com a queda consecutiva da moeda nos últimos dias. O motivo é que os estoques ainda existem e os preços só devem ser normalizar após vendas desses produtos já estocados.
As compras devem se concentrar na última semana antes do domingo de Páscoa. A expectativa é de alta de 20% no movimento nos supermercados nos sábado antes do feriado de Sexta-feira Santa.
"Expectativa é que as compras se concentrem na ultima semana, e o abastecimento dos lares, até em função das ofertas, vai se concentrar no sábado antes do feriado", diz.
A Abras diz que entre os principais fatores dessa expansão, se destacam a recuperação do mercado de trabalho -com avanço dos índices de emprego formal- e o aumento da renda média das famílias.
"Apesar da pressão inflacionária observada nos itens sazonais, o cenário aponta para uma Páscoa de consumo aquecido. O equilíbrio entre renda disponível e ações comerciais bem estruturadas deve garantir o bom desempenho do período, reafirmando a data como uma das mais relevantes para o consumo das famílias", diz Milan.
Dentre as estratégias para driblar a alta dos preços, cerca de 65% das redes supermercadistas pretendem fazer promoções específicas. Além disso, metade do setor reforçou parcerias com indústrias e fornecedores, para ter maior variedade e preços competitivos em ovos de chocolate, colombas, barras, bombons e produtos de confeitaria.
CONSUMO CAI EM FEVEREIRO, MAS TEM ALTA NO BIMESTRE
O consumo nos supermercados teve queda de 4,25% em fevereiro ante janeiro, num movimento já esperado para o início do ano. No acumulado do primeiro bimestre, no entanto, houve alta de 2,24% e crescimento de +2,25% na comparação com fevereiro de 2024.
Os motivos são expansão da renda, redução da taxa de desemprego e continuidade dos programas sociais. Além disso, liberação do abono do PIS/Pasep e pagamento dos atrasados do INSS também ajudaram neste estímulo de consumo.
Segundo a Abras, a queda em fevereiro é explicada porque o mês teve um dia a menos do que em 2024, quando foram 29 dias e, agora, 28, além do fato de o Carnaval ter caído em março.
Outro ponto apontado é que, nos primeiros meses do ano, o orçamento das famílias é pressionado por despesas obrigatórias, como reajustes das mensalidades escolares, transportes, IPVA e IPTU.
"Apesar desse recuo pontual em fevereiro, o crescimento anual reflete fatores como o reajuste do salário mínimo, recursos dos programas de transferência de renda e melhora do mercado de trabalho", diz Milan.
ESTÍMULOS QUE AMPLIARAM AS VENDAS NO BIMESTRE
- Bolsa Família, que injetou R$ 27,61 bilhões no período e beneficiou 20,55 milhões de famílias
- Auxílio Gás, que destinou R$ 575 milhões para 5,42 milhões de famílias, com repasse médio de R$ 106 por domicílio
- Reajuste de 7,5% do salário mínimo, acima da inflação, alcançando R$ 1.518, o que representa um incremento de R$ 106 no orçamento mensal dos trabalhadores
- Pagamentos do abono do PIS/Pasep, que teve início, em fevereiro; a previsão de repasses é de R$ 30,7 bilhões a serem pagos ao longo de 2025
- Lote residual do Imposto de Renda, que injetou cerca de R$ 864,8 milhões na economia em 31 de janeiro
- Pagamento das RPVs (Requisições de Pequeno Valor) do INSS; foram destinados R$ 3,9 bilhões foram a aposentados, pensionistas e demais beneficiários no bimestre, que venceram o instituto na Justiça
EXPECTATIVA PARA OS PRÓXIMOS MESES
Nos próximos meses, o consumo deve se recuperar e a tendência é manter as vendas em alta, acima dos patamares de 2024. A Abras conta com a liberação escalonada de R$ 12 bilhões do saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e o pagamento do Programa Pé-de-Meia para que os jovens não larguem o ensino médio.
OVOS E CAFÉ FORAM VILÕES DA CESTA BÁSICA EM FEVEREIRO
Ovos, café e carne vermelha têm sido os vilões da cesta básica dos brasileiros em 2025. Em fevereiro, ovos e café lideraram a alta, segundo a cesta AbrasMercado, composta por 35 produtos. A cesta subiu 0,73%, passando de R$ 800,75 para R$ 806,61 na média nacional.
O ovo subiu 15,39% no mês, seguido pelo café torrado e moído (+10,77%). Entre as proteínas, houve recuo nos preços da carne bovina em alguns cortes e aumento em outros. Corte do traseiro caiu 0,14% e pernil, 0,41%. Já as altas foram registradas no corte do dianteiro (+1,17%) e no frango congelado (+0,37%).
O aumento atípico no preço dos ovos vem sendo observado pela Abras desde meados de janeiro, mas já castiga o país desde 2024. Isso fez do produto campeã de aumento entre janeiro e fevereiro.
As maiores altas do ovo ocorreram na região Sul (+23,24%), seguida de Centro-Oeste (+20,76%), Norte (+18,38%), Nordeste (+16,67%) e Sudeste (+15,12%).
O café torrado e moído manteve a tendência de alta, com avanço de 10,77%. No acumulado do ano, o aumento chega a 20,25%, e em 12 meses, atinge 66,19%.
Por outro lado, sete produtos básicos apresentaram quedar nos preços: feijão (-3,33%), óleo de soja (-1,98%), arroz (-1,61%), farinha de mandioca (-1,61%), leite longa vida (-1,04%), açúcar refinado (-0,28%), massa sêmola de espaguete (-0,16%).
Produtos de limpeza pressionam com a alta do dólar. Foram registrados aumentos em desinfetante (+0,96%), sabão em pó (+0,91%), detergente líquido para louças (+0,90%) e água sanitária (+0,41%).

ASSUNTOS: Economia