Trump anuncia tarifas de 25% sobre automóveis produzidos fora dos EUA
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (26) que vai impor tarifas de 25% sobre importações de automóveis, ampliando a guerra comercial global que ele iniciou no novo mandato.

O assédio do PL ao vice-governador
"O que vamos fazer é uma tarifa de 25% para todos os carros que não são fabricados nos Estados Unidos", disse Trump em um evento no Salão Oval. "Começamos com uma base de 2,5%, que é onde estamos, e vamos para 25%."
As tarifas entrarão em vigor em 2 de abril, quando o presidente dos EUA prometeu revelar tarifas recíprocas contra parceiros comerciais que considera responsáveis pelo déficit comercial do país. A cobrança das novas tarifas começará em 3 de abril.
"Este é o começo do Dia da Libertação na América", disse Trump no Salão Oval. "Se você construir seu carro nos Estados Unidos, não haverá tarifa", acrescentou.
O anúncio gerou rápida condenação da União Europeia e do primeiro-ministro canadense Mark Carney, que o chamou de "ataque direto" aos trabalhadores canadenses.
"Defenderemos nossos trabalhadores, defenderemos nossas empresas, defenderemos nosso país e o faremos juntos", disse Carney.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse em comunicado lamentar profundamente a decisão de Trump. A UE "continuará buscando soluções negociadas" com os Estados Unidos.
As montadoras americanas fizeram forte lobby contra as tarifas, argumentando que elas desorganizariam suas cadeias de suprimentos e aumentariam o custo dos carros para os motoristas americanos.
As ações da General Motors caíram 4% nas negociações pós-mercado, enquanto as ações listadas nos EUA da Stellantis caíram em uma margem semelhante, de acordo com dados da FactSet. A Ford caiu cerca de 2%.
De acordo com a medida assinada, a cobrança de tarifas sobre importações de autopeças será adiada por até um mês. A data será especificada em um aviso do Registro Federal "até 3 de maio de 2025".
As tarifas "continuarão em vigor, a menos que tais ações sejam expressamente reduzidas, modificadas ou encerradas", diz a medida. O texto não contém códigos tarifários específicos para itens sujeitos às tarifas.
Trump, que vê as tarifas como uma ferramenta para aumentar a receita para compensar seus prometidos cortes de impostos e reviver uma base industrial dos EUA em declínio, prometeu durante semanas anunciar essas tarifas, e possivelmente algumas tarifas setoriais adicionais visando um "crescimento tremendo" na indústria automobilística dos EUA.
Os EUA importaram US$ 474 bilhões em produtos automotivos em 2024, incluindo carros de passageiros no valor de US$ 220 bilhões. México, Japão, Coreia do Sul, Canadá e Alemanha, todos aliados próximos dos EUA, foram os maiores fornecedores.
Hoje, o Brasil não exporta carros para os Estados Unidos. Em 2016, a BMW levou 10 mil unidades do modelo X1 para os EUA. Os carros foram montados na fábrica de Araquari.
A decisão foi motivada devido à alta demanda pelo SUV no mercado norte-americano. Desde então, não houve mais envio de automóveis para o país.
Entre os carros de passeio exportados no passado, destacam-se o sedã Voyage e a perua Parati, ambos da Volkswagen. Esses veículos chegaram aos EUA com o nome Fox entre nas décadas de 1980 e 1990 após passarem por cerca de 2.000 modificações.
Trump disse nesta quarta que Elon Musk não o aconselhou sobre as tarifas sobre carros, acrescentando que elas poderiam ser neutras ou até mesmo benéficas para a Tesla. "Ele nunca me pediu um favor", disse.
Desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro, Trump anunciou e adiou tarifas sobre o Canadá e o México, alegando que eles permitem a entrada do opioide fentanil nos EUA; estabeleceu impostos de importação sobre produtos da China pelo mesmo motivo; lançou pesadas tarifas sobre importações de aço e alumínio; e tem repetidamente promovido seus planos de anunciar tarifas recíprocas globais em 2 de abril.
AUMENTO DE CUSTOS
As tarifas podem aumentar os custos dos carros para os consumidores em milhares de dólares, afetando as vendas de veículos novos e resultando em perda de empregos, já que a indústria automobilística dos EUA depende fortemente de peças importadas, de acordo com o Center for Automotive Research.
"Em um momento em que o custo é a principal preocupação para os compradores de carros americanos, as montadoras dos EUA estão trabalhando para oferecer uma gama de veículos acessíveis para os consumidores", disse Jennifer Safavian, presidente e CEO da Autos Drive America, grupo comercial que representa montadoras estrangeiras, em comunicado.
"As tarifas impostas hoje tornarão mais caro produzir e vender carros nos Estados Unidos, levando, em última análise, a preços mais altos, menos opções para os consumidores e menos empregos na manufatura nos EUA."
A Cox Automotive, uma provedora de serviços automotivos, disse nesta quarta que, se não houver exceções tarifárias para a indústria automotiva nas importações do México e do Canadá, o custo de um carro fabricado nos EUA seria US$ 3.000 maior.
Se as tarifas forem implementadas, até meados de abril a Cox espera uma interrupção na produção de "praticamente todos" os veículos da América do Norte, levando a 20 mil veículos a menos produzidos por dia, ou cerca de 30% de impacto na produção.
"A longo prazo, esperamos que as vendas caiam, os preços de novos e usados aumentem, e alguns modelos sejam eliminados se essas tarifas persistirem, e ainda não ouvimos detalhes sobre tarifas na União Europeia, Japão e Coreia do Sul", disse o economista-chefe da Cox, Jonathan Smoke. "Em resumo, menor produção, oferta mais restrita e preços mais altos estão no horizonte, lembrando 2021."

ASSUNTOS: Economia