Veja a cronologia da crise no IBGE e outros momentos de turbulência no órgão
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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) vive uma crise entre a gestão do presidente Marcio Pochmann e os servidores do órgão.
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A censura ao Rap e ao Funk
Considerada pivô da turbulência, a criação de uma fundação de apoio ao instituto, a IBGE+, foi suspensa nesta quarta-feira (29). A medida veio após protestos de funcionários.
A seguir, veja a cronologia da crise atual, além de outros episódios de tensão registrados no IBGE.
20.set.24 - SINDICADTO FALA EM 'MEDIDAS AUTORITÁRIAS'
A associação sindical dos trabalhadores do instituto, a Assibge, anuncia manifestação no Rio contra o que chama de "medidas autoritárias" de Pochmann.
O estopim é a criação da fundação IBGE+. Conforme o sindicato, a estrutura foi lançada em julho, de modo silencioso, sem consulta ao corpo técnico.
Críticos apelidam a fundação de "IBGE paralelo" e veem riscos na possibilidade de captação de recursos privados para a realização de pesquisas.
O sindicato também reclama de falta de diálogo em outros projetos defendidos pela presidência, como o fim do regime integral de trabalho remoto e a transferência de funcionários da avenida Chile, no centro do Rio, para um prédio do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) na zona sul da cidade. Os trabalhadores dizem que o local é de difícil acesso via transporte público.
23.set.24 - GESTÃO POCHMANN REBATE CRÍTICAS
A presidência do IBGE afirma "refutar com firmeza as infundadas acusações de comportamento autoritário". O comunicado aponta, entre outras questões, que o instituto tem restrições orçamentárias e que a nova fundação permitiria o recebimento de recursos para atender a pesquisas ou projetos desenvolvidos com ministérios, bancos públicos e autarquias.
26.set.24 - SERVIDORES PROTESTAM
Após a convocação da Assibge, servidores protestam em frente à sede do IBGE, na avenida Franklin Roosevelt, no centro do Rio.
15.out.24 - ENTIDADE ORGANIZA NOVO PROTESTO E PARALISAÇÃO
Nova manifestação contra a gestão Pochmann é realizada na capital fluminense, desta vez em frente ao prédio alugado pelo instituto na avenida Chile, no centro da cidade. O sindicato também convoca paralisação de 24 horas no local.
31.out.24 - SINDICATO AGENDA MAIS UMA PARALISAÇÃO
A Assibge agenda nova paralisação na unidade da avenida Chile, além de protestos espalhados por outros endereços no país. A direção do IBGE, por sua vez, aciona a Justiça para barrar o temor de greve.
14.nov.24 - CRÍTICAS SÃO 'NATURAIS', DIZ PRESIDENTE
Em entrevista, Pochmann diz que as críticas são "naturais", porque a IBGE+ se trata de um "instrumento inovador". Ele ainda afirma que a mudança de servidores para o prédio do Serpro na zona sul do Rio seria temporária e viabilizaria uma economia com aluguel.
6.jan.25 - DOIS DIRETORES ENTREGARAM CARGOS
O IBGE anuncia a troca da diretora e do diretor-adjunto da DPE (Diretoria de Pesquisas). A decisão partiu dos próprios técnicos.
Discordâncias com a gestão Pochmann teriam motivado a entrega dos cargos. Um dia depois, o sindicato afirma que o caso mostra um aprofundamento da crise.
15.jan.25 - PRESIDÊNCIA SOBE O TOM E FALA EM MENTIRAS
A gestão Pochmann publica comunicado no qual sobe o tom para rebater as críticas. O texto condena o que chama de "ataques" de servidores, ex-funcionários e instituições sindicais, afirmando que os grupos divulgam "mentiras" sobre o instituto.
Também declara que a nova fundação é "alvo de forte campanha de desinformação por, possivelmente, evidenciar conflitos de interesses privados" no IBGE.
17.jan.25 - SINDICATO DIZ QUE PRESIDÊNCIA ATACA SERVIDORES
O comunicado da presidência gera indignação entre funcionários. A Assibge afirma que o comando do instituto "prefere atacar servidores em vez de abrir diálogo e buscar soluções".
21.jan.25 - TÉCNICOS APONTAM 'CLIMA DETERIORADO'
Além do sindicato, lideranças do corpo técnico também expressam revolta. Uma carta assinada por gerentes e coordenadores de pesquisas afirma que o clima no IBGE está "deteriorado" e que as lideranças encontram "sérias dificuldades" para realizar suas funções.
23.jan.25 - SINDICATO DIZ SER FORÇADO A MUDAR DE NOME
A Assibge anuncia que a direção do instituto quer forçá-la a uma mudança de nome, com a retirada da sigla IBGE dele. A entidade sindical fala em tentativa de retaliação.
23.jan.25 - MAIS DUAS DIRETORAS ENTREGAM CARGOS
O IBGE confirma mais duas trocas de diretoras. Desta vez, as mudanças atingem a DGC (Diretoria de Geociências). A decisão pela saída partiu das próprias técnicas.
23.jan.25 - DIRETOR ENTREGA CARGO NA IBGE+
A IBGE+ confirma que o diretor-executivo e um membro do conselho curador da nova fundação pediram exoneração dos cargos.
24.jan.25 - PRESIDÊNCIA ANUNCIA APURAÇÃO INTERNA
A presidência do IBGE volta a se manifestar em comunicado e diz que deflagrou uma apuração interna sobre a existência de supostas consultorias privadas de servidores que teriam sido instaladas de forma ilícita dentro do instituto.
27.jan.25 - POCHMANN FALA EM TRANSFORMAÇÃO
Pochmann afirma que o órgão de estatísticas passa por transformação que "nem sempre é bem compreendida".
28.jan.25 - PUBLICAÇÃO TEM SUPOSTA PROPAGANDA POLÍTICA
Técnicos do IBGE afirmam que a direção do instituto aprovou a publicação de um texto que pode ser interpretado como propaganda política do governo de Pernambuco.
29.jan.25 - FUNDAÇÃO É SUSPENSA
O Ministério do Planejamento anuncia, em nota conjunta com o instituto, a suspensão da IBGE+. A decisão ocorre no mesmo dia em que servidores voltam a protestar contra Pochmann.
OUTRAS CRISES NO INSTITUTO
Funcionários e ex-servidores descontentes com a gestão do economista, indicado pelo presidente Lula (PT), falam em uma crise sem precedentes. O IBGE, contudo, já viveu outros momentos de turbulência por motivos diversos.
No governo Jair Bolsonaro (PL), o instituto teve dificuldades para conseguir a verba do Censo Demográfico, que estava previsto para 2020.
O corte de recursos, aliado a restrições de mobilidade na pandemia, empurrou o início da coleta das informações para 2022. Em meio ao aperto orçamentário, Susana Guerra pediu exoneração do cargo de presidente do IBGE em março de 2021.
No governo Fernando Collor, o Censo também atrasou. Estava previsto para 1990 e só saiu em 1991.
Outro momento de turbulência ocorreu em 2014, no governo Dilma Rousseff (PT). À época, a suspensão da divulgação de dados da Pnad, uma das principais pesquisas do órgão, detonou uma crise institucional.
Descontente, o corpo técnico reagiu. Duas diretoras contrárias à decisão pediram exoneração, e coordenadores colocaram seus cargos à disposição. Com a repercussão da medida, a suspensão foi revista, e a divulgação dos dados, retomada.
Ainda em 2014, o IBGE viveu período de tensão após a identificação de erros na Pnad. O novo episódio fez a então presidente do instituto, Wasmália Bivar, balançar no cargo. A economista, contudo, se manteve na função até 2016.
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ASSUNTOS: Economia