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A figura paternal


Por Flávio Lauria

09/08/2024 6h26 — em
Espaço Crítico



Este artigo foi escrito por mim já tem dez anos, modifiquei o lapso temporal e reescrevo para relembrar meus filhos e meus netos que são filhos duas vezes. Sinto que economizamos nossos sentimentos, seja consciente ou inconscientemente, mesmo tendo como mote a vida é um sopro, somos levados pela maré do comodismo nos relacionamentos e arrastados pela onda do corre-corre da vida contemporânea.   

Mas hoje faço uma homenagem como pai e avô, uma reflexão de todos estes anos de convivência, ensinamentos e aprendizado; e de esperança em construir um alicerce seguro que possa suportar para sempre, em qualquer época, os solavancos desta vida, para que sejam sólidos de educação, caráter, dignidade, honra, respeito ao próximo e religiosidade.

Ficamos inertes em palavras e gestos com aqueles que amamos, incluindo ai, infelizmente, nossos próprios pais. Por vezes, permanecemos à espera, quiçá, do dia dos pais para dar um presente, nem sempre agregado a um cartão que expresse nossos sentimentos e muito menos junto a um "Eu te amo".

Entretanto, nos achamos cada vez mais donos do nosso próprio nariz, independentes e detentores das rédeas de nosso próprio destino e nos esquecemos de que, se fomos vencedores da efusiva corrida pela vida - da concepção do espermatozóide campeão ao óvulo - tal vitória apenas foi possível de ser obtida, a partir da sublime e espetacular oportunidade de viver dada por nossos pais.

E o nascimento representa apenas o primeiro momento de uma longa jornada, pois é a partir dele que os genitores da criança começam a aprender o que de fato representa a palavra pai/mãe. Imaginemos o que seria de nós, se eles não tivessem cuidado, dia após dia, de nossa saúde e educação.

Se hoje podemos caminhar com nossas próprias pernas, isso só foi possível após a luta incansável de nossos pais na batalha da criação, hoje vencida através de nossas próprias vidas. É por essas e outras razões que, em homenagem aos pais, traduzo neste artigo a alegria indecifrável que é a experiência de poder gerar, cuidar, educar e amar um filho.

Ao mesmo tempo em que, cada dia mais, percebo, amadureço e solidifico a certeza da inigualável alegria que é ser filho. Sempre achei interessante um trecho da música "Pais e Filhos", escrita por Renato Russo: "Sou uma gota d'água / Sou um grão de areia / Você me diz que seus pais não lhe entendem / Mas você não entende seus pais / Você culpa seus pais por tudo / Isso é absurdo / São crianças como você / O que você vai ser / Quando você crescer?".

Ela nos faz perceber que nós, filhos hoje, somos os pais do futuro e, como tal, devemos buscar compreender mais nossos pais: Felizes, pois, os filhos que ainda têm seus pais e podem participar dessa troca de experiências formidável. Eu me considero feliz por ser filho do homem (infelizmente já partiu) e da mulher que Deus escolheu para serem meus pais, pois eles foram minha estrela guia, meu farol, meu alicerce, minha razão de viver.

Sempre me deram o exemplo da honestidade, da gratidão, da luta, da perseverança e me orgulham por servirem de espelho naquilo que fizeram e fazem. Acho que tambem dei essa lição de vida e de amor aos meus filhos. Por isso, você filho(a) não deixe para depois a palavra ou o gesto de carinho guardado a sete chaves.

Abra seu coração, pois amanhã pode ser tarde. Como cantava Renato Russo, no refrão da canção já citada: "É preciso amar as pessoas / Como se não houvesse amanhã / Por que se você parar, pra pensar / Na verdade não há." Feliz Dia dos Pais. Aos meus filhos Rafael e  Gabriel, e aos meus netos Matheus e Bernardo.

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