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Lenda das argolas, campeão olímpico Arthur Zanetti se aposenta aos 34

Por Folha de São Paulo

12/01/2025 12h45 — em
Esportes



SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Campeão olímpico e mundial nas argolas, o ginasta Arthur Zanetti anunciou neste domingo (12) a sua aposentadoria da ginástica aos 34 anos.

O agora ex-atleta abriu o coração e comunicou fim de sua carreira em carta aberta ao Esporte Espetacular, da TV Globo. Após 27 anos de dedicação ao esporte, ele encerrou sua trajetória como atleta na ginástica.

Maior nome da ginástica brasileira masculina, ele disputou três olimpíadas e conquistou o ouro nas argolas em Londres-2012. Zanetti foi prata na edição no Brasil, a Rio-2016 e não pegou pódio em Tóquio-2020. O atleta, que vinha sofrendo com lesões, já havia afirmado que Paris seria a sua última chance de disputar mais um Jogos.

Zanetti desabafou sobre ter ficado fora de Paris-2024 por lesão. Ele precisou realizar cirurgia meses antes do início da competição e não conseguiu se recuperar a tempo para buscar a terceira medalha olímpica. Sem poder subir nas argolas, participou da cobertura do evento com a Rede Globo.

Também ganhou quatro medalhas em mundiais, um ouro e três pratas. Além disso, acumulou conquistas em competições da América do Sul.

Zanetti seguirá na ginástica, mas como árbitro e treinador. Ele começou a atuar como árbitro no ano passado e recebeu o convite para ser professor e técnico.

"Menti muito para mim. Vinha para o treino, treinava forte, e para me recuperar demorava três a quatro dias. E eu mentia: 'Vai que dá'. Até que chegou o momento que o ombro e o joelho começaram a reclamar um pouco mais. Daí decidi, vamos parar de mentir, ir para a realidade, é hoje que vou tomar a decisão de parar mesmo", disse Zanetti.

"Foram 27 anos da minha vida dedicados a você, ginástica. E serão outras dezenas de anos ainda. Pode contar comigo', completa.

Confira a íntegra da carta aberta de Zanetti no Esporte Espetacular

"Foram 27 anos da minha vida. Hoje, aos 34 anos de idade, ainda me sinto o mesmo garoto que se apaixonou pela ginástica aos 7 anos, no SERC Santa Maria, em São Caetano do Sul.

Aquele garoto de São Caetano do Sul jamais poderia imaginar o que estaria por vir. Foram quase três décadas dedicadas a treinos, competições, viagens. Aprendi desde cedo a me equilibrar nisso tudo. Cresci e alcancei um cenário que aquele garoto não tinha nem ferramentas para conseguir imaginá-lo. Mas só consegui subir com apoio de muitas pessoas, uma representação perfeita do aparelho da minha história, as argolas. Aquele empurrão antes do início de cada série, dado por tantos treinadores que passaram pela minha trajetória. A segurança de realizar o movimento lá em cima com alguém deixando claro que se eu caísse, haveria quem me acolhesse, levantasse e me fizesse recomeçar. Assim foram minha família e meus treinadores durante toda a minha trajetória, especialmente neste final, quando o corpo encontra os seus limites.

É difícil dizer adeus. Mas ter conquistado lugares antes jamais frequentados no esporte brasileiro me faz ter orgulho de mim, mesmo que isso tenha significado abdicar de muitas outras coisas ao longo desse período. Saber que, de alguma forma, pude contribuir para que novas gerações possam imaginar o que eu não pude na minha época, por falta de espelhos, é recompensador. Podemos ser medalhistas e campeões olímpicos, campeões mundiais e campeões dentro e fora do esporte. E esse é o meu próximo passo.

O ano foi difícil, não há como negar. Uma nova lesão tirou qualquer possibilidade de sonhar com uma terceira medalha olímpica. A frustração foi grande e a carrego comigo. A força que faço toda vez que subo nas argolas não é capaz de esconder minha vulnerabilidade como ser humano. Nos últimos três anos de carreira, foram cinco cirurgias que me afastaram da minha paixão, e o que mais doeu, nunca foi a dor física.

Determinar o fim da minha vida como atleta hoje passa longe de ser um ato de desistência, mas sim, um ato de respeito ao esporte que amo, ao meu corpo, à minha saúde e a todos que me apoiaram na minha trajetória. Espero que todos possam compartilhar comigo esse pensamento. O futuro ainda não sei como será, mas estarei próximo da ginástica. Tenho projetos pra me manter aqui, próximo ao esporte.

Felizmente fui abençoado com uma linda família. Jéssica e Liam são meu tudo e irei aproveitá-los ainda mais. Não há palavras pra descrever a alegria de tê-los ao meu lado, poder chamá-los de minha família. Ver o meu pequeno gigante, mesmo que em tom de brincadeira, repetindo alguns dos meus movimentos, é um sentimento que não cabe em mim. Meus pais Roseane Nabarrete Zanetti e Archimedes Zanetti, sem vocês nada seria. Amor incondicional e que me manteve de pé em muitos momentos da minha vida. Meu irmão mais velho, Victor Nabarrete Zanetti, que me acolheu desde muito cedo, um verdadeiro exemplo, que tenho orgulho de ter seguido. E claro, minha vó, Neide Thomazzo. O que seria de nós sem o amor de vó? No início de tudo, era você que me levava até os treinos, me acompanhava nas competições e me mimava também. Se o amor tivesse uma forma, com certeza se espelharia no amor de vó.

São tantas pessoas a agradecer nesse momento, que tenho medo de ser injusto ao citá-las nominalmente e esquecer alguém. Mas não posso deixar de falar de Marcos Goto. Esteve comigo durante anos, sobretudo na maior conquista da minha carreira, o ouro olímpico em Londres 2012. O primeiro ouro de um latino-americano em qualquer categoria da ginástica. Estar pra sempre gravado como campeão olímpico. O meu muito obrigado a você, Marcos. Você é símbolo dessa conquista.

Outro que não poderia esquecer neste momento é do meu empresário e grande amigo, Marcel Camilo. A jornada sem você seria mais difícil. Ainda teremos muito a compartilhar no futuro, Marcel, e eu não poderia ser mais grato por isso.

Foram 27 anos da minha vida dedicados a você, ginástica. E serão outras dezenas de anos ainda. Pode contar comigo."


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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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