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Lesionada, Valdileia disputa final 'para ver como é'

Por Folha de São Paulo

04/08/2024 17h45 — em
Esportes



PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - "Eu vim para poder ver como que é." Com uma entorse no tornozelo esquerdo, sofrida durante a qualificação, dois dias antes, Valdileia Martins sabia que dificilmente poderia saltar quando adentrou a pista do Stade de France para a final do salto em altura. Mas não perderia por nada a chance de participar.

"Eu tentei, mas quando fiz a primeira passada, a segunda, senti muita dor", explicou Valdileia, lamentando não poder registrar a altura mínima do sarrafo neste domingo (4).

"Queria que o meu nome estivesse lá, nem que fosse 1,86, mas não saltei. Mas acredito em propósito, que tem um tempo para todas as coisas, e hoje não era o momento de saltar."

Ela passou dois dias fazendo tratamento, sem êxito. Acredita que a lesão é grave, mas só saberá ao certo no Brasil, depois de passar por uma ressonância magnética.

Ficar entre as treze melhores do mundo, porém, já foi uma vitória para ela. "Hoje me sinto incrível. Vocês vão falar que estou me achando, mas fui incrível nas Olimpíadas. Fico olhando os vídeos, cara, eu saltei, eu voei, olha o meu grito, que top!"

Na eliminatória, ela igualou o recorde brasileiro, com 1,92 metro, classificando-se em sexto lugar para a final. Mas se lesionou ao tentar 1,95 metro.

Valdileia, 34, descoberta para o atletismo por um professor de educação física no assentamento onde morava em Querência do Norte (PR), teve que lidar com a perda do pai, Israel, que morreu de enfarte no último dia 29, quando ela já estava em Paris.

A atleta mostrou-se conformada com a perda familiar. "Eu falei para minhas irmãs: o pai não está bem. Só que não imaginava que fosse agora. Ontem eu chorei à noite, por conta de que em todas as conquistas que eu tinha, eu saía da pista e ligava para o meu pai. E não vou ter mais esse momento com ele."

A medalha de ouro ficou com a ucraniana Iaroslava Mahuchikh, com 2 metros exatos. A australiana Nicola Olyslagers saltou a mesma altura, mas perdeu no critério de desempate (precisou de três tentativas, contra uma da rival). Outra ucraniana, Irina Gerashchenko, ficou com o bronze.

As duas ucranianas foram muito aplaudidas pelo público no Stade de France, ao darem a volta olímpica com a bandeira de seu país, atualmente em guerra com a Rússia.


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