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Marlon foi da vaia ao troféu erguido no Botafogo

Por Folha de São Paulo

03/12/2024 11h30 — em
Esportes



BUENOS AIRES, ARGENTINA (UOL/FOLHAPRESS) - Um dos roteiros mais bonitos do Botafogo no título da Libertadores foi Marlon Freitas. O volante passou por um momento difícil no clube e encarou vaias da torcida. Sua saída chegou a ser cogitada, até que o técnico Artur Jorge sinalizou que contaria com seu futebol. Em silêncio, o jogador virou a chave, assumiu o papel de líder, ganhou a braçadeira de capitão, virou um dos principais destaques da campanha e foi recompensado com a honra de levantar o tão sonhado troféu continental.

Na saída do Monumental de Nuñez, palco da decisão, Marlon carregava o valioso objeto como se fosse um filho. Sereno, dispensa o rótulo de "volta por cima" e acredita que o histórico momento com a taça era algo que lhe estava reservado.

"Não considero volta por cima porque faço as mesmas coisas, trabalho da mesma forma. Acho que sou merecedor de tudo isso, nós somos merecedores. Agradeço muito a Deus por tudo, por essa humildade. Eu trabalho muito, me dedico muito. Estou feliz de estar fazendo parte dessa história. Esse momento estava separado para mim, sabe? Acredito que ano passado foi um momento difícil, complicado, mas sabia que o momento da glória ia acontecer, e foi no ano seguinte. Assim, críticas, essas coisas, fazem parte da carreira de um atleta. O mais importante é saber quem você é, e eu sei quem eu sou, eu sei de onde eu vim, eu sei quem é que me colocou e é isso. Estou muito feliz", disse Marlon.

PISCADINHA CRIOU RUSGAS COM A TORCIDA

A relação da torcida do Botafogo com Marlon viveu seu momento mais turbulento no fim do ano passado. Na ocasião, o Glorioso deixou escapar pelos dedos o título brasileiro tendo como derrota mais emblemática a virada sofrida por 4 a 3 para o Palmeiras dentro do Nilton Santos.

Naquele jogo, uma imagem de Marlon Freitas viralizou e irritou os torcedores. O volante havia sofrido uma falta e deu uma piscadinha irônica, algo que não caiu bem para os alvinegros.

"Assim, eu não gosto de falar nada do passado, sabe? São pessoas... pessoas não, né? Os torcedores falaram muitas coisas, e algumas coisas têm razão, outras não. Mas é difícil de explicar ali naquele momento, me criticar pelo desempenho até aceito, faz parte, respeito. Mas de um gesto que eu fiz... Não desrespeitei a torcida do clube que eu defendo, não desrespeitei a torcida do outro time que estava jogando contra a gente. Foi direto para o jogador, que ali eu sofri uma falta e ele... Aquela coisa de jogador, 'não foi falta', 'não foi nada'. E aí, naquele momento, acabei errando o gesto. Poderia ter falado com ele, ter retrucado de uma forma diferente", afirma o jogador.

GRATIDÃO A ARTUR JORGE

Nessa caminhada de superação, Marlon Freitas se mostra grato a Artur Jorge. O volante avalia que o treinador português teve papel fundamental para estar vivendo esse bom momento no Botafogo, como titular absoluto, capitão e homem de confiança do técnico.

"Ele é um cara muito importante, é o nosso líder. Quando se tem um líder desse tamanho, a importância dele pra gente. Não tem comentário, sabe? Ele merece muito também. Deixar a família do outro lado do mundo também não é fácil. É um sacrifício muito grande, eu sei. É um cara que me ajudou muito. Eu agradeci muito a ele por esse momento, porque lembro de uma conversa que nós tivemos. Ele falou que precisava de mim, que contava comigo. E é isso, a gente merece", disse Marlon.

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Momento em que ergueu o troféu e título dedicado ao saudoso pai: "Passaram vários momentos ali da caminhada até aqui, de tudo que aconteceu comigo. Pelo meu pai também, eu falei que era o sonho dele, né? Conquistar essa Libertadores e eu consegui. Claro que queria ele aqui para poder dar um abraço, mas sei que ele está num bom lugar, sei que ele está feliz de tudo que o filho dele vem fazendo, né? Não só dentro de campo, mas fora também. Um cuidado com a família. Enfim, é o bem mais precioso que eu tenho, que é a minha família. E é isso. Estou muito feliz, esse título é para o meu pai. Sei que ele está feliz com o filhão dele, assim como ele me chama".

Foi de companheiro em companheiro motivar nos últimos minutos: "Eu lembro dessa cena. Eu só fui alertá-los que faltava pouco para o nosso sonho. Tinham 42, 43 minutos mesmo, e eu falei que faltava pouco, pra gente continuar se dedicando, comprometido dentro do jogo, concentrado dentro do jogo, que ia acontecer. E aconteceu. E mentalmente a gente estava muito forte dentro do jogo, mesmo com um a menos. O jogo todo foi com um a menos, praticamente. Eu respeito muito tudo que falam, jamais vou retrucar. É uma opinião que temos que respeitar, mas assim, a gente sabe do trabalho que é feito no dia a dia. Tem muita coisa que vocês (imprensa) não conseguem ver, não têm acesso. E assim, é muito sacrifício que fizemos por esse momento, muito mesmo. Foi muito difícil chegar até aqui. Pré-Libertadores pegando adversários difíceis, depois pegamos adversários que já foram campeões da Libertadores. adversários tradicionais dentro da competição, e a gente conseguiu. Esse grupo merece, nunca desistiu, nunca vai desistir. E é comemorar, comemorar muito porque a gente está na história".


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