Seleção chega à Argentina em dia de protestos e feriado contra ditadura
ouça este conteúdo
|
readme
|
BUENOS AIRES, ARGENTINA (UOL/FOLHAPRESS) - A Argentina que vai parar para assistir ao jogo contra o Brasil nesta terça-feira (25) é a mesma que nesta segunda (24) vive um feriado que movimentou as principais ruas do centro de Buenos Aires.

Blitzes de trânsito fora dos limites da legalidade em Manaus
O calendário do país tem este 24 de março como o Dia Nacional da Memória pela Verdade e Justiça.
Uma mudança de significado para a data que marcou o golpe militar que iniciou a ditadura, em 1976.
É com esse ambiente que a seleção brasileira desembarca em Buenos Aires, entre o fim da tarde e o início da noite.
Vários grupos políticos, majoritariamente de esquerda, foram às ruas protestar, em uma caminhada até a Praça de Mayo, onde fica a Casa Rosada, sede do governo federal.
O tema do movimento é "Nunca Mais".
O feriado serve como protesto à ditadura e a lembrança dos desaparecido durante o regime autoritário que só acabou em 1983.
"O dia 24 de março marca o dia em que houve o golpe militar há 49 anos. E viemos à praça para ter a memória, nos juntamos para ter mais democracia do que nunca", disse Tatiana, uma das integrantes do grupo Intervención, que fez pinturas no asfalto de uma das avenidas que leva à principal praça da cidade.
Mas vários grupos políticos e movimentos sociais aproveitam o feriado para criticar o que consideram mazelas do governo atual, da direita de Javier Milei. O assunto fome e os direitos de minorias apareceram nas faixas pelas quais a reportagem passou.
E O FUTEBOL?
Foi sob o regime militar que a Argentina, inclusive, conquistou sua primeira Copa do Mundo, como anfitriã, em 1978.
Hoje, o país vive uma lua de mel com sua seleção, atual campeão do mundo, mas já numa democracia que os manifestantes não querem abandonar. Até por isso batem na tecla de que é preciso cultivar a memória.
"O futebol é um tema à parte. Acho que tem muita gente do Brasil que também estaria aqui. Seria uma união. Sobre o tema dos desaparecidos, a maior parte da América do Sul se une. Amanhã, vamos querer ganhar. Mas hoje é união", disse Martín Gordich, que também estava nas ruas de Buenos Aires, ostentando uma camisa que tinha a imagem da Copa do Mundo e Maradona.
As referências ao futebol foram múltiplas. Não deu para contar exatamente quantos usaram a camisa da seleção.
A "gamificação" do protesto tinha um gancho político, como um stand no qual o exercício era acertar uma bola de papel em placas com o rosto da ex-primeira ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher. Foi na administração dela que ingleses e argentinos se envolveram na Guerra das Malvinas.
Esse conflito teve uma "revanche" na final da Copa de 1986, quando Maradona fez gol de mão na final e deu o segundo título para os argentinos.
Hoje, eles têm três Copas. E podem confirmar a classificação para mais uma, caso vençam o Brasil, nesta terça, às 21h.

ASSUNTOS: Esportes