Brasil chama de volta embaixador na Nicarágua após morte de estudante
BRASÍLIA - Após divulgar uma dura nota no início da tarde, em que manifestava indignação com a morte da estudante de medicina brasileira Raynéia Gabrielle Lima, o Ministério das Relações Exteriores tomou duas providências nesta terça-feira: convocou a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Lorena Del Carmen Martinez, para prestar esclarecimentos sobre o assunto; e chamou de volta a Brasília o embaixador brasileiro na Nicarágua, Luís Cláudio Villafañe Gomes Santos.
O teor da conversa com a embaixadora não foi revelado pelo Itamaraty. Já a vinda do diplomata brasileiro ao Brasil, determinada pelo ministro Aloyzio Nunes, demonstra a insatisfação do governo brasileiro com os acontecimentos. No rito diplomático, chamar de volta um embaixador pode ser o primeiro passo para medidas mais duras, quando as relações entre dois países ficam abaladas. O governo brasileiro quer que as autoridades nicaraguenses identifiquem e punam os responsáveis crime.
Raynéia tinha 30 anos e estudava na Universidade Americana, em Manágua. Ela morreu após ser atingida por tiros disparados, segundo testemunhas, por um grupo de paramilitares.
Antigo aliado do presidente Daniel Ortega, durante os governos do PT, o Brasil tem defendido, em encontros internacionais com países latino-americano, atenção especial ao que está ocorrendo na Nicarágua. Foi o que aconteceu no Paraguai, no mês passado, no encontro de presidentes do Mercosul. Na declaração final, além da menção à Venezuela, foi incluído um parágrafo expressando preocupação com os atos de violência que estão ocorrendo no país centro-americano.
Mais cedo, o Itamaraty voltou a condenar o aprofundamento da repressão, o uso desproporcional e letal da força e o emprego de grupos paramilitares em operações coordenadas pelas equipes de segurança oficiais. Na nota, o governo brasileiro repudiou a perseguição de manifestantes e fez um apelo ao governo da Nicarágua a garantir o exercício dos direitos individuais e das liberdades públicas.
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