Começa o temporada de queixas com a oficialização do fim do Perse e o que importa no mercado
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Começa o temporada de queixas com a oficialização do fim do Perse, argentinos enchem os carrinhos de produtos importados e outros destaques do mercado nesta terça-feira (25).
**FIM DE FESTA**
Música ruim, uns gatos pingados na pista, gelo derretido e luzes acesas: clima de fim de festa. Esse foi o humor do setor de eventos nesta segunda-feira (24).
A Receita Federal formalizou ontem o fim do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) a partir de abril.
O QUÊ?
O Perse foi criado na pandemia, em 2021, para ajudar o setor de eventos a segurar as pontas enquanto estávamos todos presos em casa.
- As empresas que se beneficiaram da iniciativa ficaram isentas de quatro impostos federais: IRPJ (Imposto de Renda), CSLL (Contribuição Social) e Pis/Cofins.
- Os contemplados são dos setores dos restaurantes, buffets, equipamentos para eventos, produções teatrais, musicais, bares, cinemas, agências de viagem, parques de diversão, hotelaria tudo aquilo que não pôde ser aproveitado no isolamento social.
A pergunta que não quer calar: a pandemia não acabou há alguns anos?
POR QUE AINDA TEM PERSE?
Aí tocamos em um ponto sensível. Imagine que você é um empresário que deixou de pagar uma quantidade (bem) considerável de impostos durante quatro anos. Qual seria a sua reação diante da possibilidade de ter de voltar a gastar muito mais? Isso mesmo, espernear muito.
O setor fez lobby e conseguiu uma extensão do programa enquanto se adaptava à realidade pós-Covid. O governo renovou o Perse com um teto de R$ 15 bilhões em renúncia fiscal ou prazo máximo até dezembro de 2026. O que chegasse primeiro.
CHEGOU
Até fevereiro deste ano, o governo já tinha renunciado a mais de R$ 12 bilhões em encargos. A Receita Federal, então, previu que o programa deve bater o limite estipulado nos próximos dias.
O que eles querem? Manter algum tipo de desconto.
- Bares e restaurantes defendem uma redução gradual dos benefícios fiscais;
- Argumentam que o Fisco não detalhou como chegou à conclusão de que o teto foi atingido.
**ESVAZIANDO O COFRE**
Um dos passatempos preferidos do brasileiro é observar o quão verde está a grama do vizinho. Melhora quando o morador ao lado é argentino.
BRINCANDO COM A BALANÇA
As importações argentinas estão aumentando muito e rápido. É parte da estratégia do presidente ultraliberal Javier Milei: abrir espaço para importações enquanto fortalece o peso argentino.
As gestões anteriores à dele tinham um jeito mais protecionista de ver as coisas a entrada de produtos internacionais em terras argentinas aumentou 30% nos últimos seis meses, segundo a agência nacional de estatísticas.
Pãozinho brasileiro está entre os sucessos da nova era. Junto com ele no hall da fama dos supermercados estão a manteiga uruguaia e a massa italiana.
BOMBA-RELÓGIO
A estratégia ajuda a segurar a inflação, que é uma das principais fragilidades da economia argentina. Mas, como sempre há ying (risco) no yang (boa intenção), pode dar problema.
Para importar, o país gasta mais moeda estrangeira, sobretudo dólares. Quem gasta não guarda. E o que acontece com quem não tem nada guardado em um momento de crise?
- Reservas de moedas fortes são importantes por vários motivos. Podem ajudar a segurar o câmbio quando necessário e cobrir gastos surpresa.
- Um exemplo recente: o Tesouro brasileiro fez leilões de dólares quando o valor da moeda estourou no final do ano passado, para segurar a escalada do câmbio.
NÃO PASSOU DESPERCEBIDO
Economistas e a oposição pressionam Milei para garantir um empréstimo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) para recompor as reservas. Segundo ele, vai rolar em abril.
TÓPICO SENSÍVEL
O presidente argentino não lida muito bem com críticas. Ele deu o apelido de econofraudadores para especialistas que recomendam cautela com os gastos em dólar.
O problema é que tudo depende de um equilíbrio muito delicado entre estimular o crescimento sem deixar a inflação disparar e conduzir algo assim sozinho pode ser (quase) impossível.
**NÃO ACEITE TESTE DE DNA DE ESTRANHOS**
Era tudo brincadeira quando uma empresa ofereceu o serviço de aplicar testes genéticos com o objetivo de descobrir informações curiosas sobre si mesmo. De onde vem a minha família? Tenho alguma tendência a doenças?
Perdeu a graça quando as informações genéticas de milhões de pessoas foram vazadas. A 23andMe entrou com um pedido de recuperação judicial nos EUA no domingo (23), depois de perder quase todo o seu valor de mercado devido a dados de clientes expostos por hackers.
REBOBINANDO
A 23andMe foi fundada em 2006, pioneira no setor de testes genéticos acessíveis ao público.
Ela lançou uma análise que permite acessar mais de 200 informações sobre traços genéticos e de ancestralidade através da coleta doméstica de saliva.
HECATOMBE
Dois anos depois, o kit de teste caseiro recebeu o título de Invenção do Ano da revista Time.
Hecatombe. A história de ascensão da empresa acabou quando, em 2023, os dados genéticos de 6,9 milhões de clientes foram vazados por hackers.
Segundo ela, apenas as informações sobre ancestralidade foram acessadas, mas já era tarde demais para reconquistar a confiança coletiva.
Dali para frente, foi só para trás. É claro, os clientes ficaram com os dois pés atrás em relação à segurança que a 23andMe proporciona para dados tão sensíveis quanto o DNA.
O resultado foi uma multa de US$ 30 milhões (R$ 172 milhões) pelo vazamento e o corte de 40% do quadro de funcionários. Nesta semana, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, e a CEO e co-fundadora, Anne Wojcicki, deixou o cargo.
NOVOS PERIGOS
Agora, a empresa pode ser comprada ou se fundir a outras.
Não ficou claro o que pode acontecer com os dados genéticos de quem fez os testes de ancestralidade e de saúde pela empresa. Os usuários não têm mais poder sobre quem terá acesso à sua informação mais privada. Continuaremos acompanhando esta novela.
As ações da 23andMe, listadas na Nasdaq, caíram 59% na segunda-feira após o anúncio da judicialização.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
É uma vergonha se você já levou seu filho para a Disney três vezes, mas não para as cataratas...é a opinião do CEO da Azul, John Rodgerson. A companhia aérea vai defender a brasilidade na próxima campanha (para vender passagens).
Cada um reage como pode. Para evitar as tarifas de importação de Trump, a Hyundai escolheu um caminho inusitado vai investir US$ 21 bilhões em uma nova fábrica em Louisiana, nos EUA.
Faltou dinheiro? Pede empréstimo para o Lula. Essa é a sugestão de Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, sobre o novo consignado. Não pegou bem, claro, e a ministra apagou o post com o declaração.
Falando em dívida... Os estados cobram R$ 1,17 trilhão de contribuintes que deixaram de pagar impostos. Isso equivalente a 16 meses de arrecadação.
Na atividade. Aos 67 anos, Ricardo Cunha, ex-funcionário da Eletrobras, é aprovado em 1º lugar em carreira no Enem dos Concursos. Aposentado há 12 anos, ele voltará a trabalhar, desta vez como analista de comércio exterior.
Agora sim! Se precisar de mais ajustes, é só pedir.

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