FDN tem 'estreitas conexões' com as Farc, afirma MPF
BRASÍLIA - Facção apontada como responsável pela morte de 56 detentos dentro de um presídio de Manaus, a Família do Norte (FDN) tinha “estreitas conexões” com as Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc), segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF) embasadas por investigações da Polícia Federal.
De acordo com as investigações, a FDN negociou a compra de pistolas, fuzis AK-47 e submetralhadoras UZI de fabricação israelense com Nelson Flores Collantes, um narcotraficante ligados às Farcs conhecido como “Acuario”. Como prova da transação, o MPF apresenta troca de mensagens de integrantes do grupo criminoso radicado no Amazonas. Em uma das comunicações interceptadas, o interlocutor chega a mandar fotos das armas adquiridas.
O mesmo criminoso que negociou a compra das armas é apontado como responsável por movimentar apenas no período de 19/10/2015 a 27/10/2015 mais de R$ 700 mil em contas de pessoas localizadas em Tabatinga (AM) para pagar carregamento de armas e drogas. As informações constam de denúncias feitas no ano passado pelo MPF à Justiça Federal contra 94 supostos integrantes da facção.
A operação La Muralla, que embasou as denúncias do MPF, tinha como objetivo investigar o tráfico internacional de drogas realizado pela chamada Rota Solimões. No desenrolar da operação, foram desvendados a hierarquia e poderio da Família do Norte, apontada pelo órgão como “verdadeira facção que comanda, com quase exclusividade, o tráfico internacional de drogas no estado do Amazonas” e responsável por “tráfico internacional de armas, homicídios, lesões corporais, corrupção, evasão de divisas, lavagem de dinheiro etc”.
As provas se baseiam principalmente em apreensões de drogas realizadas de 2013 a 2015, interceptações telefônicas judicialmente autorizadas, depoimentos, busca e apreensões, ordens de sequestro de bens e quebras de sigilo bancário e fiscal dos investigados.
'TRIBUNAL DO CRIME'
Durante as investigações, o MPF também apurou que a facção age com “extrema violência” e costuma promover “um verdadeiro Tribunal do Crime que decreta sumariamente penas de morte a quem vá de encontro aos interesses da facção”.No código de conduta da Família do Norte, relatado em documento apreendido pela Polícia Federal, existe uma série de comportamentos que são passíveis de “correção”. O “crime” de pilantragem, por exemplo, pode ser punido com a morte do infrator.
Ainda segundo os investigadores, “percebe-se que as lideranças da organização criminosa decidem rotineiramente quais crimes podem ser cometidos no Amazonas, especialmente quem pode ser assassinado ou não”.
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