'Tarifaço' de Trump pode impulsionar exportações da ZFM, diz Serafim Corrêa

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Manaus/AM - A recente medida do governo dos Estados Unidos, que elevou tarifas de importação sobre produtos de diversos países, pode beneficiar diretamente a Zona Franca de Manaus (ZFM). A avaliação é do secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Serafim Corrêa, com base em uma nota técnica elaborada pelo governo estadual. O destaque vai para o polo de duas rodas, que pode ganhar espaço no mercado americano diante da nova configuração do comércio internacional.
Na quarta-feira (2), o presidente Donald Trump anunciou a elevação das tarifas sobre produtos importados de vários países. O Brasil foi incluído em um grupo com a menor alíquota, de 10%, enquanto países asiáticos, como Vietnã, China e Índia, enfrentarão taxas que variam entre 24% e 46%. O cenário cria uma oportunidade estratégica para a ZFM, que poderá se tornar uma rota alternativa para empresas que buscam evitar os impactos do tarifaço.

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Segundo Corrêa, empresas asiáticas que já atuam em Manaus e negociam com o mercado americano podem ampliar suas operações a partir do polo industrial, aproveitando as vantagens fiscais da ZFM e a nova diferença tarifária. “Vai ser muito mais fácil para elas venderem a partir de Manaus do que vender para a própria Ásia. Essa é uma vantagem que nós teremos”, afirmou o secretário. Ele também destacou que os incentivos fiscais da região estão garantidos até 2073, o que amplia a atratividade do modelo.
Em 2024, as exportações do Amazonas para os Estados Unidos somaram US$ 99,7 milhões, com as motocicletas liderando a pauta exportadora, respondendo por US$ 27,4 milhões. Após o anúncio das novas tarifas, a Sedecti já foi procurada por diversas empresas multinacionais interessadas em compreender o funcionamento dos incentivos locais, sinalizando uma possível ampliação de investimentos e geração de empregos.
Apesar do cenário promissor, o governo estadual também reconhece desafios estruturais que precisam ser superados para que a ZFM aproveite todo o potencial. A nota técnica sugere melhorias em infraestrutura, logística e capacitação de mão de obra. Corrêa alertou para os constantes apagões em Manaus, que prejudicam a confiança de investidores. “Isso é algo que precisa ser corrigido por parte da Eletrobras, da Amazonas Energia, porque isso é um desestímulo a qualquer empresa vir trabalhar em Manaus. A nossa logística é muito ruim”, criticou.
O documento ainda aponta que a redução das importações de insumos da Ásia pode levar empresas a transferirem parte de sua produção para a ZFM. Essa movimentação poderia estimular a economia local, com aumento da empregabilidade e maior circulação de recursos. No próximo dia 14, o Codam (Conselho de Desenvolvimento do Amazonas) deve analisar 47 projetos com previsão de R$ 1,4 bilhão em investimentos e criação de 1,2 mil empregos.
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