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Matthew McConaughey: 'Estou ficando um pouco brasileiro'

Por Portal Do Holanda

27/08/2017 8h13 — em
Famosos & TV


Chelsea Lauren/REX/Shutterstock

NOVA YORK – Matthew McConaughey, 47 anos, é, em Hollywood, algo como um brasileiro honorário. Casado com a modelo Camila Alves, de 35, com quem tem três filhos, os garotões Levi, 9, e Livingston, 4, e a menina Vida, 7 anos, ele acabara de chegar de uma viagem por Minas Gerais (cuja capital ele chama de "Belô") quando conversou com o GLOBO. O ator relatou sua experiência no país e falou sobre seus dois mais recentes filmes: “A torre negra”, em cartaz desde quinta-feira, e “Ouro”, um thriller de aventura que acabou indo direto para as plataformas digitais no Brasil.

Este último, semi-independente e produzido pelo próprio McConaughey, teve como inspiração as viagens do pai do ator texano pelo Equador, em busca de minas de ouro jamais encontradas. Já “A torre negra”, uma produção de US$ 60 milhões, foi a tentativa do diretor dinamarquês Nikolaj Arcel de reproduzir na tela a fantasia criada por Stephen King em uma saga de oito livros que os fãs mais ardorosos consideram a “obra fundamental” do autor de “Carrie, a estranha” e “O iluminado”. Não deu certo. Centrado na batalha épica de Walter, o Homem de Preto, vivido por McConaughey, com o pistoleiro Roland (Idris Elba) pelo destino da enigmática Torre Negra e, por tabela, do planeta Terra, o filme foi um fracasso de crítica e público nos EUA. McConaughey ainda tem dois roteiros escritos e revela o desejo de migrar para o lado de lá das câmeras.

Você acabou de voltar do Brasil com a família. Por onde passearam desta vez?

Belô, Pará de Minas e Itambacuri (cidade natal de Camila Alves).

‘Há sempre um ritmo brasileiro que me fascina, dá para entender as pessoas pela maneira como elas se movem. Há uma coreografia, uma música sem som que ultrapassa, creio, até as divisões sociais’

Você já se sente em casa em Minas Gerais?

Cada vez mais. Esta foi a quinta vez seguida que passamos férias no Brasil. Já entendo melhor o ritmo das pessoas e das coisas. Meu português não é fluente, mas já consigo pegar melhor as coisas no ar. Estou ficando um pouco brasileiro.

Já consegue distinguir as diferenças entre os estados?

Mais ou menos. Já fui à Amazônia, onde está uma das raízes de “Ouro”, embora meu pai tivesse vivido mais a realidade da selva no lado peruano. E há sempre um ritmo brasileiro que me fascina, dá para entender as pessoas pela maneira como elas se movem. Há uma coreografia, uma música sem som que ultrapassa, creio, até as divisões sociais. Também me impressionou a postura crítica interna durante as Olimpíadas no Rio.

Como assim?

A denúncia dos cariocas da tentativa de se embelezar a pobreza na cidade. De se opor a muros erguidos para esconder as favelas. É como se as pessoas dissessem: “não, as cicatrizes do Rio são parte da cidade também”. Há, nos centros urbanos brasileiros, no Rio certamente, algo que aqui nos EUA chamamos de “inteligência das ruas”. É algo que admiro.

Fazer parte de uma família binacional mudou sua visão sobre temas centrais da política americana, como a imigração?

Não. E acho que há um exagero quando se fala, de modo hiperbólico, das iniciativas de imigração propostas pelo governo Trump. Ele tem uma dificuldade enorme de contextualizar as coisas, e joga para a plateia: vai expulsar os muçulmanos, os imigrantes não registrados, erguer um muro no sul. Agora, muitas coisas que ele diz, mesmo que eu não concorde, tiveram clara ressonância com 63 milhões de americanos. O medo falou mais alto do que a esperança nas eleições aqui, e cabe a nós entender bem o que isso significa. É fundamental saber ler o medo coletivo.

Medo e esperança também são elementos centrais em “A torre negra”, não?

São os dois elementos principais da história, que atravessa dimensões paralelas. E, para mim, é importante este ser o primeiro filme de uma possível franquia, uma apresentação da história. Desta vez, não entro como uma emenda a uma trama já existente, como em “Guardiões da galáxia”. Assim, posso criar mais. Fui eu que, junto com o diretor-roteirista, tirei o Homem de Preto do papel. Acho interessante me debruçar sobre a batalha mítica do bem contra o mal, refletir sobre uma história que é um conto de fadas sombrio, com muitas referências à experiência cristã.

O filme estabelece um diálogo com os dias de hoje?

Sim! Meu personagem não é apenas mais um supervilão, ele tem a função clara de escancarar a hipocrisia, inclusive dos chamados cidadãos de bem. E adorei fazer isso. Meu laboratório foi observar as pessoas interagirem com seus semelhantes e os nem tão próximos assim. Foi uma aula de vida. Ali surgiu meu Homem de Preto.

Você já pensou em dirigir?

Estou lentamente me preparando para isso. Escrevi os roteiros e dirigi recentemente dois comerciais de uma marca conhecida de bourbon e me diverti muito. Pouca gente sabe disso, mas tenho prontos dois roteiros de ficção, que ainda precisam de tratamento final. As duas histórias são baseadas em episódios que aconteceram comigo, uma no ano em que passei vivendo na Austrália, quando tinha 18 anos, e a outra, uma história infantil, fruto de um sonho recorrente, passado na África. Outras geografias, como você vê, muito me interessam.

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O Portal do Holanda foi fundado em 14 de novembro de 2005. Primeiramente com uma coluna, que levou o nome de seu fundador, o jornalista Raimundo de Holanda. Depois passou para Blog do Holanda e por último Portal do Holanda. Foi um dos primeiros sítios de internet no Estado do Amazonas. É auditado pelo IVC e ComScore.

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