Wilson das Neves morre no Rio aos 81 anos
RIO - O cantor, compositor e instrumentista Wilson das Neves faleceu na noite deste sábado no Rio, aos 81 anos. Ele lutava contra um câncer e estava internado em um hospital na Ilha do Governador. Na página oficial do artista no Facebook, familiares deram a informação sobre o falecimento aos fãs e agradeceram as condolências.
“É com profundo pesar que anunciamos o falecimento de um dos maiores nomes da música brasileira, o baterista Wilson Das Neves. Instrumentista diferenciado, compositor e cantor brilhante nos últimos anos. A saudade vai ser grande no coração de tantos amigos, parceiros e fãs que ele cultivou ao longo da vida. A família agradece as condolências e em breve informaremos sobre o funeral”, disse a menssagem publicada por volta das 23h30 deste sábado.
O músico Pretinho da Serrinha lamentou a morte do sambista:
"O samba perde minha grande referência. A referência do meu glorioso Império Serrano. Foi nele, grande músico, que eu e muitos batuqueiros nos espelhamos para seguir no samba assumindo a linha de frente. Lembro do Wilson dos Neves me apresentando para os jurados do carnaval no início dos anos 90, quando era diretor de bateria. O samba perde mais um baluarte. A Serrinha te reverencia, das Neves. Obrigado, mestre".
Carioca, Wilson das Neves tinha 63 anos de carreira e um talento singular como baterista e compositor de sambas. Gravou com mais de 750 artistas, entre nomes como Elza Soares, Roberto Carlos e Elis Regina, e compôs mais de 200 melodias com parceiros como Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Aldir Blanc, Martinho da Vila e Moacyr Luz.
O sambista cresceu no bairro de São Cristóvão e era integrante da Velha Guarda do Império Serrano. Foi sua paixão pela escola de samba de Madureira que lhe rendeu o bordão “Ô sorte!’’ — cunhado quase como uma filosofia de vida, numa referência a expressão criada pelo sambista Roberto Ribeiro quando soube que Das Neves, como ele, era Império Serrano.
Depois de se consagrar como baterista e grande melodista, Wilson das Neves, em 1996, se lançou como cantor. O aclamado álbum 'O som sagrado de Wilson das Neves' rendeu ao artista o Prêmio Sharp do ano na categoria cantor revelação. Com sua voz, ele também lançou, em 2004, o disco 'Brasão de Orfeu' e, em 2010, 'Pra gente fazer mais um samba', vencedor de melhor álbum de samba do Prêmio da Música Brasileira de 2011. Seu último disco como cantor, 'Se me chamar, ô sorte', foi lançado em 2013.
A história de vida e a carreira de Wilson das Neves inspirou escritores e cineastas. No ano passado, foram lançados o livro “Memórias de um Imperador. Ô sorte. Uma breve biografia do sambista Wilson das Neves’’, do professor de História curitibano Guilherme de Vasconcelos, e o documentário “O samba é meu dom’’, do produtor mineiro Alexandre Segundo Castro de Souza.
Ainda não foram divulgadas informações sobre o enterro do sambista.
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