Americana morre baleada durante protesto na Cisjordânia, dizem palestinos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma cidadã dos Estados Unidos que participava de um protesto contra a expansão dos assentamentos na Cisjordânia ocupada morreu nesta sexta-feira (6) depois de ser baleada na cabeça por tropas israelenses, de acordo com médicos palestinos.
"Uma ativista americana solidária [com os palestinos] chegou ao hospital com um tiro na cabeça e anunciamos seu martírio por volta das 14h30 [8h30 de Brasília]", afirmou Fuad Nafaa, diretor do hospital Rafidia, de Nablus.
O Exército israelense disse que estava investigando o episódio, e o governo americano afirmou que buscava mais informações com urgência. "Expressamos as nossas mais profundas condolências à sua família e entes queridos. Buscamos urgentemente mais informações sobre as circunstâncias da sua morte e poderemos dizer mais quando as tivermos", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, sem atribuir responsabilidades sobre a ação.
Miller descreveu como "trágica" a morte da mulher, a quem identificou como Aysrnur Egzi Eygi.
Nafaa afirmou à Reuters que a mulher chegou ao hospital em estado crítico, com uma lesão grave na cabeça. "Tentamos realizar uma operação de ressuscitação nela, mas infelizmente ela morreu."
A Wafa, agência de notícias oficial palestina, disse que o incidente ocorreu durante uma marcha de protesto rotineira de ativistas em Beita, cidade perto de Nablus que tem sido alvo de ataques repetidos por colonos.
O aumento de ataques violentos de colonos israelenses contra aldeias palestinas na Cisjordânia tem causado crescente indignação entre os aliados ocidentais de Israel, incluindo os Estados Unidos, que impuseram sanções a várias pessoas.
Enquanto isso, na Faixa de Gaza, ataques militares atribuídos a Tel Aviv mataram pelo menos 12 palestinos nesta sexta, disseram médicos locais, ao mesmo tempo em que funcionários de saúde retomaram a vacinação contra a poliomielite em dezenas de crianças.
Em Nuseirat, um dos oito campos de refugiados do território, duas mulheres e duas crianças morreram, enquanto outras oito pessoas foram mortas em dois outros ataques na Cidade de Gaza, disseram os médicos.
As forças israelenses estavam em confronto com membros da facção terrorista Hamas no subúrbio de Zeitoun, na Cidade de Gaza, onde os moradores disseram que tanques operam há mais de uma semana; no leste de Khan Yunis e em Rafah, perto da fronteira com o Egito.
A morte da cidadã americana ocorre algumas semanas após cerca de cem colonos atacarem a aldeia de Jit, no norte da Cisjordânia, provocando condenação mundial e uma promessa do governo de Binyamin Netanyahu de ação rápida contra qualquer pessoa considerada culpada de violência.
Palestinos e grupos de direitos humanos acusam regularmente as Forças israelenses de não agirem enquanto os ataques acontecem e até mesmo de se juntarem a eles.
Onze meses após o início da guerra, a diplomacia até agora não conseguiu concluir um acordo de cessar-fogo para encerrar o conflito entre Israel e Hamas e garantir a libertação de reféns israelenses e estrangeiros mantidos em Gaza, bem como de muitos palestinos presos em Israel.
Os dois lados da guerra continuam a se culpar pelo fracasso dos esforços dos mediadores, liderados por Qatar, Egito e Estados Unidos. Os americanos devem apresentar uma nova proposta de trégua, mas as perspectivas de um avanço permanecem sombrias, já que persistem divergências sobre os termos de um acerto de paz.
Na quinta-feira (5), o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que era incumbência de Israel e do grupo terrorista Hamas dizer sim nas questões restantes para chegar a um acordo.
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