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Americanos não acharam morador da Groenlândia que recebesse segunda-dama dos EUA, diz mídia

Por Folha de São Paulo

27/03/2025 11h30 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Nos últimos dias, funcionários americanos bateram de porta em porta na capital da Groenlândia, Nuuk, na tentativa de encontrar um morador disposto a receber a segunda-dama dos Estados Unidos, Usha Vance. Ela visitaria a ilha para, segundo seu gabinete, "aprender sobre o patrimônio" da região.

Os esforços, porém, foram em vão, segundo a TV 2, que revelou a história nesta quarta-feira (26). "Em todos os lugares a resposta foi a mesma: 'Não, obrigado'", disse o correspondente da emissora dinamarquesa na ilha, Jesper Steinmetz. A rede atribui recentes mudanças de planos na visita à rejeição da população.

A ideia inicial era que Usha visitasse pontos históricos e participasse de Avannaata Qimussersu, a tradicional corrida nacional de trenós puxados por cães. "A Sra. Vance e a delegação estão animados para testemunhar esta corrida monumental e celebrar a cultura e a unidade da Groenlândia", disse seu gabinete em um comunicado, na semana passada.

Protestos contra a visita e, segundo a TV 2, o fracasso em encontrar quem recebesse a segunda-dama, no entanto, fizeram o governo de Donald Trump, que repetidamente tem ameaçado tomar a ilha, mudar os planos. Agora, o vice-presidente americano, J.D. Vance, e sua esposa devem apenas visitar a base de Pituffik, no norte da ilha.

O novo cronograma deve poupar o casal de ser recebido com protestos —nas últimas semanas, manifestantes organizaram alguns dos maiores atos já vistos na ilha. Quase todos os groenlandeses se opõem aos planos de Trump para anexar território dinamarquês semi-autônomo, de acordo com pesquisas de opinião.

Outra possível razão para a alteração da agenda é a pressão da Dinamarca. A intenção de comparecer à corrida de trenó abriu uma disputa diplomática entre Washington e Copenhague, que acolheu a decisão final de cancelar os planos —para o ministro das Relações Exteriores dinamarquês, Lars Løkke Rasmussen, a mudança representou uma desescalada da situação.

Nesta quinta-feira (27), a primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, elogiou a população de 57 mil pessoas da Groenlândia por demonstrar resiliência diante das investidas dos EUA.

"A atenção é esmagadora e a pressão é grande, mas é em momentos como estes que vocês mostram do que são feitos", escreveu Frederiksen no Facebook. "Vocês não se intimidaram. Vocês defenderam quem são —e mostraram pelo que lutam. Isso tem o meu mais profundo respeito."

A fala ocorre um dia após Trump reiterar seu desejo de adquirir a ilha. "Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e internacional. Então, acho que vamos tão longe quanto for necessário. Precisamos da Groenlândia e o mundo precisa que tenhamos a Groenlândia, incluindo a Dinamarca", disse Trump a jornalistas no Salão Oval, na Casa Branca.

O Ministro da Defesa dinamarquês, Troels Lund Poulsen, criticou as declarações do republicano. "Essas declarações sobre um aliado próximo não são adequadas para o presidente dos EUA", disse ele a jornalistas em Copenhague, nesta quinta. "Preciso falar claramente contra o que vejo como uma escalada por parte dos americanos."


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