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Atos pró-Palestina pipocam na convenção democrata e irritam partido

Por Folha de São Paulo

20/08/2024 15h00 — em
Mundo



WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Várias pequenas manifestações pró-Palestina têm pipocado na convenção democrata, em paralelo às marchas de rua que acontecem fora do evento, irritando o comando do partido e seus aliados, que tentam usar o evento para projetar uma imagem de união.

Protestos ocorreram durante o discurso de Joe Biden na noite de segunda-feira (19), quando um grupo de delegados se virou de costas para o presidente, contra a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi e, nesta terça (20), a Folha de S.Paulo acompanhou outro ato durante uma reunião da bancada de mulheres do partido.

O grupo Code Pink (código rosa) aproveitou uma aparição surpresa do candidato a vice Tim Walz no encontro para fazer um pequeno protesto. Ao menos três pessoas começaram a gritar e estenderam uma bandeira com a frase "Kamala, sem mais armas para Israel" enquanto ele falava.

Manifestantes protestam contra a ajuda dos EUA à Israel na guerra contra o Hamas durante a convenção democrata em Chicago Li Rui 20.ago.24/Xinhua A imagem mostra um grupo de manifestantes em um protesto. Um homem em destaque está segurando um cartaz que diz 'GENOCIDE IS THE GREATEST EVIL'. Medea Benjamin, cofundadora do grupo, foi retirada à força por seguranças, após resistir ao se agarrar a uma barra de ferro de uma escada que dá acesso à área de imprensa. Ela gritava frases como "mulheres também estão sendo mortas em Gaza".

Em resposta, o restante do público entoou gritos de "USA" (EUA, na sigla em inglês) para abafar os manifestantes.

"Eu não sou delegada, sou uma pessoa muito preocupada com o que o Partido Democrata está fazendo porque esse governo está enviando armas [para Israel] todos os dias. Isso não é humano, esses não são os nossos valores. A maioria dos democratas quer ver o fim do armamento de Israel [pelos EUA]. Isso é errado", disse Benjamin à Folha após ser retirada da reunião.

O grupo seguiu o protesto no corredor em frente ao salão, irritando outros participantes da convenção. Um homem acusou os manifestantes de ajudar os republicanos, enquanto outro disse a repórteres que eles estavam dando muita atenção para o protesto. Uma mulher caminhou em frente ao grupo e começou a fazer poses para as câmeras de jornalistas, zombando dos ativistas.

Dos quase 5.000 delegados que participam da convenção, representantes de todos os estados e territórios americanos, há 30 que representam oficialmente os votos "sem compromisso, uma espécie de voto em branco --opção marcada por eleitores das primárias democratas em protesto contra Biden. Outros simpáticos à causa, no entanto, somam-se a eles se autointitulando "delegados do cessar-fogo".

Um deles é Solono Sisco, 32, de Seattle (Washington). Oficialmente, ele é um delegado vinculado a Biden, mas na prática integra o grupo que se manifesta contra o presidente. "Acho que há muito potencial em Kamala. Biden se orgulha de dizer que é sionista, um aliado histórico de Israel. Kamala tem sido mais flexível", afirma ele à Folha.

Apesar de ter uma visão mais positiva sobre a vice-presidente, ele ressalta que é preciso que ela tome passos concretos: especificamente, um embargo de venda de armas para Israel.

Segundo ele, um abaixo-assinado por um cessar-fogo reuniu até agora a assinatura de 210 delegados da convenção, uma pequena fração do total presente em Chicago. A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, contudo, foi bastante aplaudida durante seu discurso na noite de segunda ao defender um cessar-fogo e o retorno dos reféns para casa.

Outras manifestações são esperadas até quinta-feira (22). Nesta terça, por exemplo, está na programação da convenção uma votação simbólica, em que a delegação de cada estado poderá declarar seu apoio a Kamala -uma oportunidade para novos protestos.

O tema também pode ser levantado por Bernie Sanders que, como AOC, tem sido um dos congressistas mais críticos ao apoio dos EUA a Israel. O senador independente discursa na noite desta terça.


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