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Bangladesh reduz cotas para empregos públicos após 115 mortes em protestos

Por Folha de São Paulo

21/07/2024 10h15 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após uma onda de protestos de estudantes durante a semana, o Supremo Tribunal de Bangladesh anulou neste domingo (21) a maior parte das cotas de empregos no governo. As manifestações foram provocadas pela revolta contra o sistema que reserva de 30% das vagas no serviço público para familiares de pessoas que lutaram pela independência do país, em 1971.

Rejeitando a decisão de uma instância inferior, a divisão de apelação da Suprema Corte determinou que 93% dos empregos públicos de Bangladesh devem ser abertos a candidatos por mérito, disse o procurador-geral Abu Mohammad Amin Uddin à agência de notícias Reuters. Com isso, 5% das vagas se destinarão às famílias dos combatentes, e os 2% restantes atendem pessoas com deficiência e outros grupos.

"Os estudantes deixaram claro que não fazem parte da violência e dos incêndios criminosos que ocorreram em Bangladesh desde segunda-feira", disse o procurador-geral. "Espero que a normalidade retorne após a decisão de hoje e que pessoas com segundas intenções parem de instigar os outros."

Os atos se intensificaram a partir da terça-feira (16). Até agora, os confrontos entre policiais e manifestantes deixaram pelo menos 115 mortos ao longo da semana, segundo estimativa feita pela agência de notícias AFP com base nas vítimas relatadas em hospitais de todo o país. Autoridades ainda não divulgaram um balanço sobre as mortes.

O sistema de cotas foi abolido em 2018, no governo da atual primeira-ministra Sheikh Hasina, mas um tribunal inferior o retomou no mês passado, fixando as cotas em 56% e iniciando a onda de protestos. Os serviços de internet e telecomunicações foram cortados em uma tentativa de conter os atos e estão suspensos desde quinta-feira (18). As autoridades também proibiram reuniões públicas.

Sem que a polícia conseguisse impedir as marchas, no entanto, Bangladesh impôs um toque de recolher na sexta-feira (19) e mobilizou militares para patrulhar as ruas da capital, Daca, onde foram montados postos de controle do Exército. Após uma pausa para abastecimento, o toque de recolher foi reestabelecido até as 15h do horário local (6h no horário de Brasília), segundo a mídia do país.

As manifestações --as maiores desde que Hasina foi reeleita para um quarto mandato consecutivo neste ano-- também foram impulsionadas pelo alto desemprego entre os jovens, que representam quase um quinto de uma população de 170 milhões. Segundo analistas, a violência também é estimulada por problemas econômicos mais amplos, como inflação alta e reservas estrangeiras em declínio.

Os protestos abriram antigas e sensíveis divisões políticas entre aqueles que lutaram pela independência de Bangladesh do Paquistão, em 1971, e aqueles acusados de colaborar com Islamabad.


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