SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O novo Congresso dos Estados Unidos, que toma posse nesta sexta-feira (3), alguns dias antes da chegada de Donald Trump ao poder, é ainda mais velho e mais branco do que a legislatura que o antecedeu, mostram dados compilados por centros de pesquisa.

O 119º Congresso dos EUA foi eleito junto com Trump no dia 5 de novembro de 2024, dando ao republicano controle das duas Casas do Legislativo: seu partido tem maioria, ainda que diminuta, na Câmara e no Senado.

São 219 deputados republicanos, apenas um a mais para a maioria de 218 membros -o partido saiu das eleições com 220 deputados eleitos, mas um deles, Matt Gaetz, renunciou após ser nomeado secretário da Justiça por Trump.

Entretanto, o presidente eleito voltou atrás da escolha depois que acusações de má conduta sexual contra Gaetz ganharam força, e o político da Flórida já anunciou que não disputará a eleição especial convocada para preencher seu assento.

Já no Senado, os republicanos têm 52 senadores contra 45 dos democratas, além de dois independentes que votam com a oposição.

Nas eleições, o Partido Republicano conseguiu surfar na onda que levou Trump de volta à Casa Branca e recuperar o controle da Casa, que estava nas mãos dos democratas desde 2021. A agremiação elegeu 53 senadores, mas um deles, Marco Rubio, renunciou para assumir como o Secretário de Estado de Trump.

Junto com a vitória republicana, o controle do Legislativo por homens brancos mais velhos se aprofundou: considerando o número total de 435 deputados na Câmara dos Representantes e 100 membros do Senado, 74% do Congresso americano agora é composto por pessoas brancas, um ligeiro aumento em comparação com a composição das Casas entre 2023 e 2024 -eram 383, e agora são 393, de acordo com uma pesquisa da Universidade Rutgers, de Nova Jersey, e com dados oficiais.

O grupo demográfico que mais perdeu representação foi o dos hispânicos, que caiu de 61 membros para 45. Os congressistas negros caíram de 64 para 60. Já a idade mediana dos membros da Câmara e do Senado é de 58 anos e 63 anos, respectivamente -era de 57 e 62 na legislatura passada.

Uma pesquisa conduzida pelo Pew Research Center e publicada nesta quinta-feira (2) também mapeou a composição religiosa dos membros do Congresso americano, revelando, sem grandes surpresas, que a imensa maioria dos deputados e senadores são cristãos: 87% do total.

Mais especificamente, 55% dos congressistas são protestantes, com as denominações mais comuns sendo batista, metodista, anglicana ou episcopal, presbiteriana e luterana. Cerca de 30% dos deputados e senadores são católicos.

Os outros membros se dividem entre judeus, com 6%, mórmons, com pouco mais de 1,5%, e outras religiões, entre budistas, muçulmanos e hindus, com 8%. Apenas três dos 535 membros do Congresso dizem não ter religião e 21 preferiram não responder.

A divisão religiosa permaneceu basicamente inalterada de uma legislatura para a outra, bem como a relação entre gêneros. Na Câmara, 72% dos membros são homens e 28%, mulheres, e no Senado, a relação é de 75% e 25%, de acordo com o levantamento da Rutgers.

A pesquisa inclui na conta das mulheres a deputada do Partido Democrata Sarah McBride, primeira mulher trans a ser eleita para o Congresso dos EUA na história. Antes mesmo de tomar posse, McBride foi alvo dos deputados republicanos da Casa, que se movimentaram para impedir a congressista de utilizar os banheiros femininos do Capitólio.

A determinação foi apoiada pelo presidente da Câmara, Mike Johnson, que disse que banheiros na Câmara dos Representantes só podem ser usados por pessoas do respectivo "sexo biológico". Na época, McBride disse que acataria a decisão.