Convocado pela 3º vez, opositor de Maduro corre risco de ser preso na Venezuela
A Venezuela amanheceu sem energia nesta sexta-feira (30) devido a um apagão nacional que o governo atribuiu a sabotagem. O incidente ocorre no mesmo dia em que Edmundo González, candidato da oposição, poderá enfrentar um mandado de prisão caso não compareça para prestar depoimento ao Ministério Público.
González, que afirma ter vencido as eleições, foi convocado para uma audiência e, se não comparecer, será emitido um mandado de prisão. O Ministério Público já havia convocado González em outras duas ocasiões, nas quais ele também não compareceu.
Além de afetar a capital Caracas, o apagão impactou total ou parcialmente todos os estados venezuelanos, inclusive refinarias da estatal de petróleo PDVSA. Relatos indicam quedas na conexão de internet em diversas áreas do país. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, afirmou que a energia seria restabelecida ao longo do dia, começando pela capital. Em 2019, a Venezuela enfrentou três apagões nacionais, que as autoridades também atribuíram a atos de sabotagem. O ministro das Comunicações, Freddy Nañez, afirmou que a oposição estaria por trás do ataque ao sistema elétrico.
A convocação de González para depoimento está relacionada à publicação de atas eleitorais em um site, sugerindo irregularidades no processo eleitoral que declarou a reeleição de Nicolás Maduro. As acusações incluem "usurpação de funções" e "falsificação de documento público", crimes que podem resultar em penas de até 30 anos de prisão. María Corina Machado, uma das líderes da oposição, antecipou que González não compareceria ao depoimento, criticando as acusações como parte de uma perseguição política. O opositor tem permanecido na clandestinidade desde julho, comunicando-se apenas por redes sociais. Ele e outros líderes da oposição, incluindo Machado, são alvos de investigações por "incitação à insurreição" militar.
A comunidade internacional, incluindo a União Europeia e os Estados Unidos, tem expressado ceticismo sobre a legitimidade das eleições e a reeleição de Maduro. O alto representante da UE, Josep Borrell, declarou que a vitória de Maduro não foi comprovada. O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Matthew Miller, reiterou que a manipulação eleitoral e a repressão não alteram o resultado das eleições, alegando que González obteve a maioria dos votos.
Maduro, por sua vez, reforçou seu gabinete com figuras da ala mais dura do chavismo, enquanto a oposição continua a pressionar por uma transição negociada de poder.
Veja também
ASSUNTOS: Mundo