Democratas pedem renúncia de secretário da Defesa e de oficiais da inteligência após segredos vazados
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WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Democratas ampliaram a pressão sobre os serviços de inteligência dos Estados Unidos e defenderam a renúncia dos responsáveis pela área no dia seguinte à notícia sobre o vazamento de planos de bombardeio contra rebeldes houthis no Iêmen numa conversa acidentalmente compartilhada com um jornalista.

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Durante uma audiência em comissão do Senado nesta terça-feira (25), integrantes do partido opositor ao do presidente Donald Trump afirmaram que o comportamento das autoridades foi incompetente e negligente. Defenderam ainda que Pete Hegseth, secretário de Defesa, e Michael Waltz, conselheiro de segurança nacional, deveriam abdicar de seus cargos.
Os dois estavam em uma conversa privada no aplicativo, o Signal, na qual o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, foi incluído acidentalmente. O vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, também estava no grupo.
Enquanto isso, Trump e o governo se mantiveram armados para minimizar o caso. A Casa Branca afirmou que "os democratas e sua mídia amiga" parecem ter esquecido das "ações bem-sucedidas" no Iêmen. O presidente disse que não há razão para que seus auxiliares peçam desculpas e se limitou a dizer que provavelmente o governo não usará mais o aplicativo de conversas em questão.
O comportamento contrasta com p adotado durante a campanha presidencial de 2016, quando Trump defendeu que Hillary Clinton, sua adversária à época, deveria ser presa por ter usado, segundo ele, um servidor de email privado para negociações oficiais enquanto era secretária de Estado do governo de Barack Obama, de 2009 a 2013.
Nesta terça, quatro dos principais oficiais da inteligência participaram da audiência no Senado: Tulsi Gabbard, diretora de Inteligência Nacional; John Ratcliffe, diretor da CIA; Kash P. Patel, diretor do FBI; Timothy Haugh, da Agência de Segurança Nacional; e Jeffrey Kruse, da Agência de Inteligência de Defesa.
Durante a sessão, o senador democrata Mark Warner, da Virgínia, afirmou que o comportamento foi "descuidado, negligente e incompetente" em relação a informações confidenciais americanas.
"Se fosse o caso de uma autoridade militar ou uma autoridade de inteligência, e eles tivessem esse tipo de comportamento, seriam demitidos", disse Warner, que é vice-presidente do Comitê de Inteligência do Senado, responsável por supervisionar agências como a CIA e a NSA.
O senador Ron Wyden, de Oregon, também do Partido Democrata, foi mais enfático e defendeu a renúncia do alto escalão da inteligência. "Eu acredito que deveriam haver demissões, começando pelo conselheiro de segurança nacional e pelo secretário de Defesa."
Ratcfliffe e Gabbard estavam no grupo onde ocorreu a conversa sobre o ataque militar e foram questionados pelos senadores. Ambos admitiram a participação no Signal, mas afirmaram que as informações às quais o jornalista teve acesso não eram confidenciais.
O mesmo argumento foi usado por Hegseth. "Ninguém estava enviando planos de guerra por mensagem, e é só isso que tenho a dizer", disse o secretário na véspera.
O presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, foi outro republicano a minimizar o vazamento das informações sigilosas. Seguindo a cartilha do governo, disse que é preciso ter cuidado com esse tipo de informação, mas tentou ressaltar que a operação no Iêmen foi bem-sucedida.
A pressão sobre Hegseth ocorre a pouco mais de dois meses após a posse de Trump e depois de o próprio secretário enfrentar resistências no Congresso e ter sua nomeação em risco. Ele foi aprovado em sua sabatina por apenas um voto de vantagem, dado pelo vice-presidente da República, que, como presidente do Senado, tem poder de desempate. O atual secretário de Defesa era apresentador da Fox News, emissora abertamente favorável a Trump, e tinha sua competência para o cargo amplamente questionada.

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