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Ditador Maduro assume novo mandato após eleição contestada na Venezuela

Por Folha de São Paulo

10/01/2025 11h30 — em
Mundo



BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A minguada presença de líderes globais deu o termômetro do momento que vive Nicolás Maduro em sua terceira posse, realizada nesta sexta-feira (10). Mais isolado do que nunca, o ditador se sustenta nos tentáculos do regime, mas viu diminuir o respaldo internacional.

Diferentemente de sua última posse, em 2019, sob contestação, mas feita na sequência de uma eleição boicotada pela oposição, desta vez Maduro se aferra ao poder depois de um pleito no qual parte da Venezuela e boa parte da comunidade internacional dizem que Edmundo González Urrutia foi o verdadeiro eleito.

O ditador foi empossado no Palácio Federal Legislativo, na capital Caracas, para mais seis anos no poder, até 2031. A cerimônia foi presidida pelo presidente do Parlamento unicameral, o aliado de primeira hora do regime Jorge Rodríguez, que saudou nominalmente e com pompa, um a um, os principais líderes do chavismo.

Governos que antes tinham tom moderado em relação à ditadura chavista subiram, um a um, o tom nos últimos dias e meses.

O recado mais expressivo ficou por conta da Colômbia de Gustavo Petro. Nas últimas horas desta quinta-feira (9), seu chanceler divulgou vídeo de cerca de 4 minutos no qual disse que Caracas tem violado direitos humanos e que o processo eleitoral não respeitou o processo democrático, mas que não romperá relações diplomáticas.

Também o chileno Gabriel Boric voltou a expressar críticas após nesta semana retirar de Caracas o embaixador que havia enviado em 2023 na tentativa de resgatar laços rompidos na gestão que o antecedeu.

"Sou uma pessoa de esquerda, e neste lugar digo a vocês: o governo de Nicolás Maduro na Venezuela é uma ditadura", afirmou o presidente, que neste ano deve deixar o cargo.

Nem aliados de Maduro, como o boliviano Luis Arce, compareceram, mas enviaram representantes. A China enviou Wang Dongming, vice-presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo. A Rússia, Viacheslav Volodin, presidente da Câmara baixa do Parlamento. A ditadura de Daniel Ortega na Nicarágua, uma delegação de 16 pessoas. De Cuba, a figura de maior peso: o chefe do regime, Miguel Díaz-Canel, que desembarcou no país na manhã desta sexta.

O Brasil enviou sua embaixadora, Glivânia Oliveira, a diplomata que sob o governo Lula 3 foi a responsável por tentar reconstruir pontes diplomáticas após o rompimento sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL).

Ao menos por ora, Brasília não planeja emitir comentários sobre a escalada da repressão na Venezuela. Interlocutores que falam sob reserva dizem que o objetivo do governo é se manter "baixo perfil" para não fechar canais de diálogo. Reconhecer Maduro como eleito não é uma opção, e o mesmo vale para Edmundo González.

Do Brasil, estiveram presentes uma delegação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e um grupo de dirigentes do PT (Partido dos Trabalhadores), a legenda do presidente Lula.

A posse do ditador, no poder desde 2013, sucede uma quinta-feira confusa em Caracas. Após mais de três meses sem aparecer em público, a líder opositora María Corina Machado foi às ruas se somar a um ato da oposição e depois afirmou ter sido detida pelo regime e liberada.

Um vídeo seu dizendo estar bem circulou neste ínterim, despertando dúvidas sobre a veracidade do conteúdo. Posteriormente, aliados da opositora disseram que ela foi obrigada a gravar conteúdos enquanto estava sob posse do regime. O procurador-geral do país negou à Folha que tenha havido detenção, e outras autoridades disseram o mesmo.


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