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Entenda voto por correio nos EUA, alvo de teorias da conspiração e ataques

Por Folha de São Paulo

01/11/2024 9h00 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Pelo menos duas urnas de votação foram incendiadas nos Estados Unidos, em atos que estimularam debates sobre a disseminação de teorias da conspiração na reta final do pleito, marcado para terça-feira (5). Os crimes ocorreram nos estados de Washington e de Oregon.

Essas urnas são usadas para a coleta de votos antecipados e depois recolhidas pelos serviços de correios, que então as levam para centros de votação.

Nos últimos dias, o candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, repetiu, sem apresentar provas, a acusação de que o voto por correio levará a fraudes, algo que ele já havia feito na eleição contra Joe Biden, em 2020. O empresário escreveu na plataforma Truth Social que votos irregulares foram encontrados em urnas no condado de Lancaster, no estado da Pensilvânia, o que autoridades negam.

As acusações têm fundamento? A resposta simples é não. O governo americano reitera que o voto por correio é seguro e que existem várias medidas para impedir fraudes, incluindo a verificação do código de barras e de marcas d'água, a checagem de informações pessoais e a pesagem das cédulas de voto —os dispositivos de segurança mudam dependendo do estado.

Entretanto, a eleição presidencial de 2000 entre o republicano George W. Bush e o democrata Al Gore acabou decidida na Suprema Corte devido à denúncia de fraude em votos na Flórida, parte deles em cédulas por correspondência.

De acordo com a campanha de Gore, mesários em um condado majoritariamente republicano permitiram que membros desse partido completassem formulários de voto por correio incompletos, o que não ocorreu em outros condados.

Os democratas queriam que todos os votos por correspondência da Flórida fossem anulados, o que daria a vitória da eleição a Gore. A Suprema Corte negou a recontagem de votos, e Bush foi nomeado presidente.

Muito mais comum são votos pelo correio rejeitados por preenchimento incorreto, assinatura inválida ou por não terem sido entregues a tempo.

Mas como funciona o voto a distância em uma das maiores democracias do mundo? Nos EUA, todo o processo eleitoral é organizado pelos estados, e isso inclui o voto por correspondência. Cada um decide como vai organizar a votação por correio, e não há lei federal sobre a modalidade.

Assim, o governo só tem responsabilidade sobre os votos de membros das Forças Armadas no exterior. A Casa Branca é, porém, responsável pela logística, por meio do serviço postal, que é uma empresa estatal.

A apuração acontece em duas etapas. Primeiro, a cédula é autenticada. Um órgão estadual verifica se a assinatura é compatível com o documento do eleitor e, caso sim, a libera para contagem.

Essa etapa pode acontecer imediatamente após o recebimento da cédula ou a partir de uma data específica. Alguns estados só permitem que a cédula seja preparada no dia da eleição, o que atrasa a divulgação do resultado.

Em seguida, o voto é contado. Assim como na primeira etapa, alguns estados realizam a contagem imediatamente, alguns dias antes da eleição, outros somente no dia do pleito ou ainda depois que as urnas fecham.

Em todos os estados, os resultados da votação postal só são anunciados junto com a apuração dos votos presenciais.


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