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Governo Trump diz que vai ignorar jornalistas que utilizam pronome em assinaturas de email

Por Folha de São Paulo

10/04/2025 22h00 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo de Donald Trump implementou uma política que proíbe funcionários federais de incluírem seus pronomes de preferência em assinaturas de email e estendeu parte da restrição aos jornalistas.

Devido a essa decisão, repórteres que se identificam com pronomes estão sendo ignorados por assessores da Casa Branca. A medida, apresentada como uma "defesa da realidade biológica", reforça a linha conservadora do presidente e tem gerado críticas por promover discriminação. Também é apontada como uma forma de silenciar a imprensa.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que a equipe de comunicação não responderá mais a emails de jornalistas que incluam pronomes como "he/him" (ele), "she/her" (ela) ou "they/them" (pronome neutro) em suas assinaturas.

Em comunicado oficial, Leavitt afirmou que "qualquer repórter que escolha colocar seus pronomes preferidos em sua biografia claramente não se importa com a realidade biológica ou com a verdade e, portanto, não pode ser confiável para escrever uma história honesta".

Leavitt não respondeu aos questionamentos sobre quando uma política formal sobre o assunto foi implementada, nem confirmou se isso se aplicaria também às trocas de mensagens entre repórteres e outros funcionários da Casa Branca fora do gabinete de imprensa.

A nova orientação tem sido adotada de forma irregular, com relatos contraditórios entre diferentes veículos jornalísticos. Pelo menos um repórter do Washington Post disse ter recebido, nos últimos dias, respostas de autoridades da Casa Branca mesmo tendo pronomes listados na assinatura de seu email.

Já jornalistas de outros veículos dizem ter sido ignorados devido ao uso de pronomes. O The New York Times relatou que três de seus repórteres deixaram de receber respostas da Casa Branca porque incluíram pronomes em assinaturas de emails.

Incluir pronomes nas apresentações -seja por email ou pessoalmente- tornou-se uma prática comum em diversos setores dos EUA nos últimos anos.

A utilização desses pronomes serve como forma de demonstrar apoio à comunidade LGBTQIA+ e também evita erros de identificação de gênero. No entanto, essa prática tem sido criticada por políticos republicanos, alguns dos quais apresentaram projetos de lei para limitar mudanças de pronomes.

No Texas, por exemplo, Elon Musk, um dos aliados mais próximos de Trump, e o governador Greg Abbott comemoraram a demissão de um trabalhador que se recusou a remover os pronomes da assinatura de seu email.

Trump incluiu questões transgênero no centro da sua agenda política logo nos primeiros dias de governo. Em seu primeiro dia no cargo, o presidente assinou um decreto declarando que existem apenas dois sexos: feminino e masculino.

Desde então, o governo americano tentou implementar uma série de políticas que proíbem pessoas trans de servirem nas Forças Armadas ou impedem meninas e mulheres trans de competirem em esportes femininos. Várias dessas medidas estão sendo contestadas nos tribunais.


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