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Macron desconsidera indicada da esquerda para cargo de premiê na França

Por Folha de São Paulo

23/07/2024 21h30 — em
Mundo



CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - O presidente da França, Emmanuel Macron, desconsiderou nesta terça-feira (23) a indicação do bloco de esquerda Nova Frente Popular (NFP) para o cargo de primeiro-ministro, afirmando que a formação de um governo não se dará pela sugestão de um nome, mas a partir da constituição de uma maioria na Assembleia Nacional.

Em entrevista concedida ao canal France 2 em terraço próximo à torre Eiffel, o presidente disse ainda que o governo atual permanecerá em vigor até meados de agosto, enquanto a França estiver sediando os Jogos Olímpicos de Paris.

"Até meados de agosto, não estamos em posição de mudar as coisas, porque isso criaria desordem", acrescentou Macron. O atual premiê, Gabriel Attal, já teve sua renúncia aceita pelo presidente, mas também segue no cargo até o fim das Olimpíadas.

A NFP, que conquistou o maior número de cadeiras no Parlamento nas eleições legislativas no início deste mês, propôs a economista e servidora pública Lucie Castets, 37, como sua candidata a primeira-ministra apenas uma hora antes de Macron conceder a entrevista.

Quando perguntado sobre Castets, um nome pouco conhecido, Macron disse que o nome não estava em questão. "O nome não é o problema. A questão é: qual maioria pode surgir na Assembleia Nacional para que um governo da França possa aprovar reformas, aprovar o orçamento e fazer o país avançar?", disse o presidente.

Na resposta, ele lembrou a definição de um nome da esquerda para a presidência da Assembleia Nacional, André Chassaigne, 74 -que, apesar da maior bancada canhota na Casa, foi preterido pela candidata do bloco governista, Yaël Braun-Pivet.

Castets afirmou em publicação no X que aceita a indicação da NFP ao cargo. "A esquerda venceu, ela é chamada a governar. Colocarei toda minha energia e convicção nisso", disse.

A indicada é diretora de finanças e compras na prefeitura de Paris. Ela se formou em 2013 na Escola Nacional de Administração, de onde sai grande parte da elite política e administrativa da França, mas não tem experiência na política partidária.

Em comunicado, a NFP diz que Castets é uma "instigadora das lutas associativas pela defesa e a promoção dos serviços públicos, ativamente engajada no combate à aposentadoria aos 64 anos e alta funcionária que trabalhou com a repressão a fraudes fiscais e crimes financeiros".

A França vive um impasse parlamentar desde os resultados da eleição. Apesar da maior bancada a aliança de esquerda, nenhum partido conquistou uma maioria absoluta de cadeiras na Assembleia Nacional, que ficou fragmentada em três blocos de tamanhos mais ou menos similares --a coalizão governista em segundo lugar e o partido de ultradireita Reunião Nacional (RN) em terceiro.

A coalizão de esquerda buscou propor um novo primeiro-ministro que suceda o premiê Gabriel Attal, mas descartou fazer acordos com outras forças políticas.

Cabe ao presidente, segundo a Constituição francesa, nomear um primeiro-ministro, o que significa que a coalizão de esquerda não tem como forçar Macron a escolher a indicada da aliança. Mesmo que ele o fizesse, a esquerda enfrentaria sem maioria um Parlamento no qual, sem alianças, poderia ver rejeitado seu governo com uma moção de censura.

Os quatro partidos da NPF -a França Insubmissa, os socialistas, os verdes e os comunistas-- têm discutido há semanas sobre quem propor como primeiro-ministro, e o nome de Chassaigne, citado por Macron, foi o primeiro grande consenso do fragmentado campo gauche.


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