Maior ataque contra Moscou faz 1ª morte e fecha aeroportos
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Ucrânia fez nesta terça (10) seu maior ataque com drones contra Moscou na guerra, matando a primeira pessoa nos arredores da capital russa desde que Vladimir Putin invadiu o vizinho em 2022. Os quatro aeroportos da cidade passaram a noite fechados.
Foram empregados na ação 20 drones, entre 144 lançados contra outras oito regiões da Rússia ocidental Foi o segundo maior ataque em volume feito por Kiev: há dez dias, 158 aparelhos haviam sido utilizados.
Os dados se referem apenas aos derrubados, que Moscou disse terem sido todos. Em Ramenskoie, uma cidade de 90 mil habitantes que fica 46 km a sudeste do Kremlin, uma mulher de 46 anos morreu e outras três pessoas, ficaram feridas por destroços. Houve relatos de danos a dezenas de residências, sem consequências mais graves.
Os aeroportos de Domodedovo, Cheremetievo, Vnukovo e Jukovski passaram algumas horas fechados, por medida de segurança. Cerca de 50 voos tiveram de ser desviados. A Ucrânia fica a cerca de 400 km dali.
Em uma antecipação de problemas de imagem para Putin, drones de longo foram lançados contra Kazan (700 km a leste de Moscou), forçando também a suspensão temporária de voos no aeroporto internacional da cidade, que será em outubro a sede do encontro dos Brics, grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que foi expandido.
A ação ucraniana, por vistosa que seja, é um ato assimétrico raro, sem comparação com o volume de bombardeio russo contra o vizinho. Segundo disse uma médica que trabalha no sul de Moscou à reportagem, o ataque eleva a sensação de vulnerabilidade, mas o fato é que o reforço de defesas aéreas impede há mais de um ano qualquer sucesso de drones contra regiões centrais da capital.
O Kremlin disse que o ataque foi um "ato terrorista do regime de Kiev". O governo de Volodimir Zelenski, que tem desafiado seus aliados ocidentais a lhe fornecer armas mais poderosas para atacar alvos distantes dentro da Rússia, não comentou.
Na semana passada, o presidente ucraniano falhou em convencer o grupo de nações doadoras de material militar a Kiev na guerra a permitir o emprego de armas como os mísseis ATACMS americanos contra bases russas distantes da fronteira.
Elas foram usadas em ações próximas, como a invasão de Kursk (sul), para desagrado relatado na Otan (aliança militar ocidental), que teme uma escalada do conflito com Moscou.
Ao mirar Moscou e outras cidades, como Briansk e Belgorodo, Zelenski tenta dizer que, se os russos são vulneráveis a pequenos drones, o impacto potencial de mísseis poderia forçá-los a negociar.
Na via contrária, a Rússia lançou outros 46 drones contra a Ucrânia nesta madrugada, 38 dos quais Kiev diz ter interceptado. A ação mirou o sistema energético do país vizinho, dando sequência a uma série de grandes ataques que já se desenrola desde semana retrasada.
Mais importante do ponto de vista militar, contudo, foi a aceleração do avanço russo no leste do país. O Ministério da Defesa em Moscou disse ter capturado mais quatro localidades rumo a Pokrovsk, centro logístico na região de Donetsk. Se cair, o colapso das defesas da região poderá ocorrer.
Uma eventual queda de Donetsk completaria, na prática, a conquista do que Putin chama de objetivo primário da guerra, o controle do Donbass, região do leste que também é composta pela província de Lugansk, quase toda tomada.
Se isso pode gerar uma situação insustentável em favor de conversas de paz, ainda que em termos favoráveis ao russo, é incerto no momento. Pressão para tal há sobre Zelenski, particularmente devido à sua enorme aposta na ofensiva contra Kursk.
Ali, tomou cerca de 0,007% do território do vizinho numa operação surpreendente, mas teve de empregar suas melhores forças. A exposição do já enfraquecido flanco leste pode lhe custar o controle de Donetsk, e isso já levou mesmo a apoiadores de seu governo a fazer críticas duras: a humilhação tática a Putin pode resultar num problema estratégico maior.
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