Métodos de Israel em Gaza são típicos de genocídio, diz comitê da ONU
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um comitê das Nações Unidas que fiscaliza conflitos no Oriente Médio afirmou nesta quinta (14) que os métodos de guerra implementados por Israel na Faixa de Gaza têm "as características de um genocídio".
Em relatório, que deverá ser apresentado na próxima segunda-feira (18) à Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, o comitê acusa Israel de infligir "punição coletiva à população palestina", provocando mortes e ferimentos graves, de forma intencional, e "usando a fome como método de guerra".
O documento menciona "perdas massivas de civis" e as condições impostas aos palestinos, que colocariam suas vidas em perigo. "Com o cerco a Gaza, a obstrução da ajuda humanitária, os ataques seletivos e a morte de civis e trabalhadores humanitários, apesar dos apelos reiterados da ONU e evitando as ordens da Corte Internacional de Justiça e as resoluções do Conselho de Segurança (das Nações Unidas), Israel está intencionalmente causando morte, fome e ferimentos graves", diz o texto.
Ainda segundo o relatório, somente em fevereiro deste ano, as forças israelenses utilizaram mais de 25 mil toneladas de explosivos na Faixa de Gaza, o que seria equivalente ao impacto de duas bombas nucleares. "Israel criou uma combinação letal de crises que provocará dano grave às gerações futuras."
A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, quando terroristas mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel e sequestraram 251, segundo contagem da agência AFP com base em dados oficiais.
Do grupo de capturados, quase 100 permanecem em cativeiro no território palestino, sendo que 34 deles foram declarados mortos pelo Exército israelense. As ações de Israel em retaliação deixaram mais de 43,7 mil mortos em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.
Em paralelo, o Ocha, escritório de ajuda humanitária da ONU, relatou nesta quinta que, só nos últimos dois dias, seis tentativas de entregar ajuda "às áreas sitiadas" no norte de Gaza foram bloqueadas.
As missões, segundo a organização, levariam comida e água para as regiões de Jabalia, Beit Hanoun e Beit Lahiya, além de proteção e apoio psicossocial para crianças "profundamente traumatizadas".
Horas após a divulgação da prévia do relatório, os Estados Unidos disseram discordar da conclusão do documento de que os métodos de guerra seriam consistentes com genocídio. "Essas acusações são, certamente, infundadas", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel.
Durante o conflito Israel tem dito que toma medidas para mitigar os impactos à população palestina. Também acusa o grupo terrorista Hamas de usar os civis como escudos humanos.
Também nesta quinta a organização Human Rights Watch (HRW) disse em relatório que as repetidas ordens feitas por Israel para retirada de civis em Gaza constituem um "crime de guerra relacionado à transferência forçada" e "limpeza étnica".
Nadia Hardman, pesquisadora da HRW, disse que as conclusões do relatório de 172 páginas foram feitas após entrevistas com moradores de Gaza, análise de imagens de satélite e documentos públicos. Israel também rebateu as acusações da ONG, afirmando que são "totalmente falsas".
Segundo a ONU, 1,9 milhão de palestinos foram forçados a se deslocar em Gaza até o mês passado. "Tornar grandes partes de Gaza sistematicamente inabitáveis, em alguns casos de forma permanente, constitui limpeza étnica", disse Ahmed Benchemsi, porta-voz da HRW para o Oriente Médio.
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