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Mianmar tem risco alto de liquefação do solo após terremoto

Por Folha de São Paulo

28/03/2025 15h00 — em
Mundo


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SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) avisou que Mianmar está em alto risco para sofrer liquefação do solo após o terremoto que atingiu a Ásia na manhã de hoje. Pelo menos 153 pessoas morreram e 732 ficaram feridas.

Mianmar está sob risco de falha do solo. O USGS colocou como significante o risco para deslizamentos e extensivo o risco para liquefação do solo, que pode atingir entre mil e dez mil quilômetros quadrados do país. A liquefação pode atingir mais de um milhão de pessoas.

Cidades da região de Mandalay possuem maior risco. Entretanto, municípios próximos a Burma também estão em risco de falha do solo.

Durante liquefação, solo age como líquido e pode causar danos sérios a construções. Segundo o USGS, a liquefação ocorre quando "sedimentos frouxamente compactados e encharcados na superfície do solo ou próximos a ela perdem sua resistência em resposta a fortes tremores do solo". Isso enfraquece as bases onde construções estão presas, fazendo elas caírem ou afundarem facilmente.

Liquefação "engole carros" e pode causar fraturas significativas no solo. Imagens de eventos anteriores onde ocorreram liquefação, como no terremoto que em 2011 atingiu Christchurch, na Nova Zelândia, mostram carros parcialmente afundados no solo. Já fotos do terremoto de Niigata, em 1964, mostram prédios tombados e afundados no solo.

Epicentro do terremoto ocorreu perto de Mandalay, a segunda maior cidade de Mianmar, por volta das 12h50 no horário local (3h20 em Brasília). Doze minutos depois, um tremor secundário de magnitude 6,4 foi registrado na mesma região.

Autoridades estimam que 144 pessoas tenham morrido só em Mianmar, segundo a imprensa local. Mais de 700 pessoas foram levadas a hospitais. "Mais feridos estão chegando, mas nós não temos médicos e enfermeiros suficientes".

Prédios desabaram em Mandalay, relataram moradores. "Vi um prédio de cinco andares desabar diante de meus olhos. Todos na minha cidade estão na rua e ninguém se atreve a voltar para dentro dos prédios". Outra testemunha disse à Reuters que viu uma loja de chá desabar com pessoas no interior.

Na Tailândia, nove pessoas morreram após o desabamento de vários prédios na região de Bangkok. Oito deles trabalhavam em um prédio de 30 andares em construção. Autoridades dizem que cerca de 320 pessoas estavam no canteiro de obras no momento do terremoto. Outras 50 ficaram feridas, mas já foram socorridas.

Equipes ainda trabalham para retirar 110 trabalhadores presos nos escombros. Pelo menos 12 já foram resgatados, segundo o vice-primeiro-ministro Anutin Charnvirakul.

Água de piscina em cobertura vazou durante tremor. Imagens nas redes sociais mostram a água caindo para fora do prédio.

Um prédio de três andares também desabou em outro ponto da cidade, em Bang Khun Thian. Uma equipe de resgate tenta localizar os desaparecidos.

Autoridades alertam que novos tremores podem ocorrer nas próximas 24 horas. A primeira-ministra da Tailândia, Paetongtarn Shinawatra, declarou a capital Bangkok como uma zona de emergência.

Pessoas saíram dos apartamentos e escritórios em pânico. Por volta das 9h20 (em Brasília), o governo anunciou que era seguro retornar aos imóveis. "Os prédios com problemas são aqueles em contrução, onde tanto a integridade estrutural quanto a estabilidade das paredes preocupam", afirmou Shinawatra.

Imagens mostram que muitos prédios ficaram com rachaduras após o terremoto. Cerca de 12 tremores secundários foram sentidos em Bangkok, dizem as autoridades. Eles também descartaram o risco de tsunami.

Moradores da província de Yunnan, na China, também sentiram os tremores. A imprensa local fala em duas pessoas feridas e casas danificadas na cidade de Ruili. Imagens mostram janelas quebradas e telhados sem forro. A China Railway Kunming Bureau declarou que paralisou cinco trens de passageiros em áreas onde o terremoto foi perceptível, mas até o momento não foram detectados danos no equipamento ferroviário.

Pesquisador diz que terremoto não foi inesperado. Sheingji Wei, do Observatório da Terra de Cingapura, disse à CNN que alertou o governo de Mianmar e cientistas locais sobre o risco na Falha de Sagaing. "Está quieto há cerca de 200 anos. Com base nesses estudos históricos, bem como em investigações geofísicas modernas, nós [sabíamos] que esse lugar, esse segmento da falha, provavelmente se romperia como um grande terremoto em um futuro próximo", disse Wei.


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