Milei diz que não apoia agenda do G20, mas que não vai bloquear documento
BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Após uma participação incômoda para o Brasil no G20, a Argentina do presidente Javier Milei afirmou em comunicado oficial que assinará o documento final do encontro, sem bloqueá-lo, mas, pela primeira vez, marcará oposição a trechos da declaração.
"Chegou a hora de reconhecer que o atual sistema de cooperação internacional está em crise, porque faz tempo que está em dissonância com seu propósito original", escreve a Presidência argentina. O propósito, diz, seria resguardar os direitos básicos das pessoas.
"Sem bloquear a declaração dos demais líderes", diz o governo ultraliberal, Milei aponta sua discordância com o que chama de "a limitação da liberdade de expressão nas redes" e "a noção de que uma maior intervenção estatal é uma forma de lutar contra a fome".
Após discordâncias, Buenos Aires cedeu e entrou na Aliança Global contra a Fome a Pobreza de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mas a contrariedade é clara. "Cada vez que se tentou combater a fome e a pobreza com medidas que aumentam a presença do Estado na economia o resultado foi o êxodo tanto da população como do capital, além de milhões de mortes de vidas humanas", diz o texto, na linguagem típica da atual administração da Casa Rosada.
"Se queremos lutar contra a fome e erradicar a pobreza, a solução está em tirar o Estado desse meio", segue o comunicado. "Desregular a atividade econômica para liberar o mercado e facilitar o comércio. O capitalismo de livre mercado já tirou da pobreza extrema 90% da população global e duplicou a expectativa de vida."
A Argentina tem 13% de sua população em situação de insegurança alimentar severa (leia-se, fome), segundo dados de 2022 da ONU. Com a queda do consumo, analistas projetam que esse dado crescerá em 2024. Já a pobreza, mostram dados do instituto de estatística local, atinge 52% da população argentina.
"Este governo mantém a fé e a esperança de que a comunidade internacional se reencontre nos princípios que lhe deram a vida", conclui a Presidência de Milei no comunicado oficial.
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