ONU aprova conferência para discutir criação de Estado palestino
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Assembleia-Geral das Nações Unidas aprovou nesta terça-feira (3) uma resolução que prevê uma conferência internacional para discutir a criação de um Estado palestino. A cúpula deverá acontecer em junho de 2025, em Nova York.
A resolução foi aprovada com 157 votos favoráveis, incluindo do Brasil, e 8 contrários (Argentina, Hungria, Israel, Micronésia, Nauru, Palau, Papua Nova Guiné e Estados Unidos), além de 7 abstenções (Camarões, República Tcheca, Equador, Geórgia, Paraguai, Ucrânia e Uruguai).
Segundo a ONU, a resolução aprovada tem o objetivo de reiterar o apelo por uma "paz abrangente, justa e duradoura no Oriente Médio". Além de prever a realização da conferência no ano que vem, o texto aprovado reafirma apoio à solução de dois Estados, um judeu e outro palestino, "vivendo lado a lado em paz e segurança dentro de fronteiras reconhecidas".
O governo brasileiro historicamente defende a solução de dois Estados. O tema foi debatido durante a cúpula do G20 realizada, em novembro, no Rio de Janeiro. Também apareceu pela primeira vez na declaração final dos líderes.
"Afirmando o direito palestino da autodeterminação, reiteramos nosso compromisso inabalável com uma solução de dois Estados em que Israel e um Estado palestino convivam lado a lado em paz, dentro de fronteiras seguras e reconhecidas, consistentes com a lei internacional e resoluções relevantes da ONU", dizia o documento. O texto ainda apoiou um cessar-fogo abrangente em Gaza e no Líbano.
Iniciada em outubro de 2023, a guerra na Faixa de Gaza já matou mais de 44 mil pessoas e deslocou quase toda a população da região pelo menos uma vez, segundo relatório do Ocha, escritório de ajuda humanitária da ONU, com base em dados de autoridades do território. Desses, 40 mil foram identificados, dos quais mais da metade seria formada por mulheres, crianças e idosos. O conflito teve início com o mega-ataque feito por integrantes do Hamas em território israelense.
Israel vem sendo criticado ao longo da guerra devido à proporcionalidade de suas ações. No domingo (1º) o ex-ministro da Defesa de Israel Moshe Ya'alon, um general linha-dura que ocupou o cargo de 2013 a 2016, acusou Tel Aviv de cometer crimes de guerra e limpeza étnica em Gaza.
Antes, em janeiro, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) determinou que Israel tome medidas para evitar atos de genocídio na guerra contra o Hamas, apesar de não ter decidido se Tel Aviv efetivamente cometeu esse crime -um julgamento que pode se arrastar por anos.
Já o Tribunal Penal Internacional (TPI) -que julga indivíduos, enquanto a CIJ julga Estados- emitiu no mês passado mandados de prisão contra Netanyahu e seu ex-chefe de defesa Yoav Gallant por supostos crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
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