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Opositor de Maduro, González irá à Argentina; não há plano de ida ao Brasil

Por Folha de São Paulo

02/01/2025 19h30 — em
Mundo



BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - A apenas uma semana da nova posse de Nicolás Maduro na Venezuela, o opositor Edmundo González, que países como os Estados Unidos dizem ser o verdadeiro eleito, irá à Argentina.

A viagem deve ocorrer entre essa sexta-feira (3) e esse sábado (4), informaram envolvidos com o tema à reportagem. Outros países da América do Sul também são cogitados para uma espécie de giro.

O Brasil não está a princípio na lista do diplomata exilado em Madri. O governo Lula 3 não o receberia, e a avaliação é de que o custo político de ir ao país para estar apenas com opositores, desagradando a Brasília e ao Partido dos Trabalhadores (PT), não é compensatório.

É um cenário bem diferente do da Argentina, onde o presidente Javier Milei sobe o tom contra a ditadura venezuelana. Um imbróglio recente elevou a tensão quando Caracas prendeu um militar argentino e o acusou de ligação com terrorismo. O Brasil busca ajudar Buenos Aires ofertando assistência consular ao preso, enquanto o governo de Milei denunciou Caracas à Corte Penal Internacional pelo caso.

González tem prometido que irá à Venezuela na próxima sexta-feira, 10 de janeiro, data da posse do ditador Maduro. Diz que ele —o presidente eleito segundo projetos internacionais e independentes de checagem de votos— tomará posse com María Corina Machado, que acredita-se estar exilada em uma embaixada, como sua vice.

Analistas e opositores, dos mais ao menos radicais, avaliam que o regime fará todo o possível para impedir a ida de González. Isso porque calcularia que prendê-lo em solo venezuelano poderia ser um novo gatilho para amplas manifestações nas ruas, desde setembro abafadas pela ampla repressão.

Se ele tentar ir em voo comercial, acreditam que a ditadura impedirá o pousou da aeronave em Caracas. Foi o aconteceu pouco após as eleições de 28 de julho com ex-presidentes sul-americanos que tentaram ir ao país e foram barrados.

Uma outra opção seria entrar no país por terra, o que poderia ser feito pelas fronteiras com o Brasil ou com a Colômbia, outro cenário difícil pelo mal-estar que geraria com os governos de Lula e de Gustavo Petro. Líderes espanhóis já disseram que pretendem ajudar González, a quem deram asilo.

Outros dois países ventilados para visitas do opositor são Paraguai e Uruguai. Os presidentes Santiago Peña e Luis Lacalle Pou —este último que está nos meses finais de seu mandato, prestes a ser substituído por um governo de centro-esquerda bem menos crítico à Venezuela— também são críticos ao que se passa no regime de Maduro.

Até aqui González fez giros pela Europa, onde recebeu prêmios, reuniu-se com chanceleres e políticos. Mas a ida à América do Sul é vista como uma peça fundamental do apoio necessário para que ele tenha alguma chance de assumir o poder na Venezuela, dado que são os vizinhos do país mergulhado na autocracia.


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