Papa quer uma Igreja pobre e revela inspiração de cardeal brasileiro para o nome
afp.com / Vincenzo Pinto
CIDADE DO VATICANO (AFP) - O Papa Francisco pediu neste sábado uma "Igreja pobre e para os pobres" e explicou como escolheu o nome com o qual exercerá o pontificado, ao receber jornalistas de todo o mundo neste sábado para uma audiência na sala Paulo VI do Vaticano.
O pontífice argentino, que foi muito aplaudido pelos milhares de jornalistas presentes, explicou que São Francisco de Assis, o santo no qual se inspirou, era "o homem da pobreza, o homem da paz".
"O homem pobre, como eu queria uma igreja pobre e para os pobres", acrescentou o Papa, que nos quatro dias de pontificado tem surpreendido o mundo com a mensagem pelo retorno da Igreja a sua essência.
Francisco explicou que o nome foi inspirado por um comentário do cardeal brasileiro Claudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, "um grande amigo", que sentou ao seu lado durante o conclave.
"Quando a coisa estava ficando um pouco perigosa, ele me reconfortava. E quando os votos alcançaram os dois terços e os aplausos chegaram porque havia sido eleito Papa, ele me abraçou, deu um beijo e disse: 'Não te esqueças dos pobres'", declarou o novo pontífice.
Em uma audiência de 30 minutos, o primeiro Papa jesuíta da Igreja Católica também recordou que a instituição, desacreditada por vários escândalos, não tem "uma natureza política, e sim espiritual".
"A Igreja é uma instituição humana, histórica, com tudo o que comporta, mas não tem uma natureza política, e sim essencialmente espiritual", explicou o pontífice em um discurso interrompido em vários momentos pelos aplausos.
"É o povo de Deus, o santo povo de Deus, que caminha para o encontro com Jesus Cristo", destacou.
Também contou que, após sua eleição, recebeu a sugestão de utilizar o nome de Clemente XV, já que o Papa Clemente XIV expulsou os jesuítas no fim do século XVIII. Um cardeal propôs o nome de Adriano, em referência a um Papa que foi um grande reformista.
Na audiência com os jornalistas, uma tradição nos últimos papados após a eleição de um novo pontífice, Francisco agradeceu o trabalho dos milhares de jornalistas enviados ao Vaticano desde a renúncia de Bento XVI, no dia 28 de fevereiro.
"Vocês têm trabalho muito, verdade?", perguntou aos jornalistas, muitos acompanhados por suas famílias, que lotaram a Sala Paulo VI.
O Papa argentino, o primeiro latino-americano da história, pediu novamente o retorno à espiritualidade da instituição.
"O coração da Igreja é Cristo, e não o sucessor de Pedro", disse, em referência ao Papa.
"Sem ele, nem Pedro nem a Igreja existiriam e não teriam razão de ser", afirmou.
Após o discurso, saudou todos os funcionários dos serviços de comunicação do Vaticano, em especial o padre Federico Lombardi, o porta-voz da Santa Sé e o rosto mais visível da Igreja desde a renúncia de Bento XVI.
Quase 5.600 periodistas estavam credenciados para a cobertura do conclave que terminou com a eleição de Francisco.
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