'Pensei que o prédio fosse desabar'; brasileiros na Tailândia relatam tensão após terremoto
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Brasileiros viveram momentos de pânico na Tailândia, com prédios sacudindo, armários abrindo com os tremores e trânsito caótico. O abalo no país e em Mianmar deixou dezenas de mortos nesta sexta-feira (28).

Blitzes de trânsito fora dos limites da legalidade em Manaus
A empresária Tarsila Silva, 30, mora em Bancoc, capital tailandesa, e acordou de um cochilo quando sua cama começou a chacoalhar por volta das 13h20 locais (cerca de 3h20 em Brasília). Ela conta que olhou pela janela e viu os postes de um lado para o outro. Ali percebeu que era um terremoto. "Hoje foi bem desesperador, balançou muito mesmo. Eu pensei que o prédio fosse desabar", afirmou à reportagem.
O alarme de emergência soou, e ela saiu correndo de seu apartamento. Quase nove horas depois, ela ainda estava na rua, assim como muitos de seus vizinhos, receosos de voltar para casa devido ao risco de tremores secundários.
A cidade está um caos, ela conta. "O trânsito está como nos filmes de apocalipse. A estação de metrô foi fechada, e não sei quando vai reabrir. Os comércios estão todos fechando, inclusive restaurantes. Muitos tentam voltar para casa, mas está muito difícil."
A veterinária Luciana Prudente Cicci, 53, que mora em Bancoc com a família, estava com o marido no carro quando sentiu um forte tremor. Ela conta que o veículo balançou como se estivessem num barco em alto mar.
"Foi muito forte, nos deixou muito assustados. A gente ficou sem entender o que estava acontecendo. Eu cheguei a pensar que pudesse ser o asfalto se rompendo."
O casal logo percebeu o caos nas ruas, com muitas pessoas saindo de casa, outras chorando e algumas até passando mal. "Quando o sinal abriu, vimos o quão grande foi a gravidade do problema."
A situação foi ainda mais tensa devido ao trânsito congestionado. Ela disse que um trajeto que normalmente leva 20 minutos durou três horas. Luciana citou a solidariedade nas ruas de Bancoc, com pessoas distribuindo água. "Muita gente estava sentada nas ruas, nos parques e se ajudando mutuamente."
Embora sua casa não tenha sido danificada, Luciana afirmou que a situação deixou todos abalados, mas ressaltou a resiliência da comunidade tailandesa. "Hoje foi um dia bem difícil para nós. Mas a vida segue."
Um casal de brasileiros também viveu momentos de pânico na Tailândia, para onde viajaram em lua de mel. O gerente de produtos Arthur Moreira, 25, e o analista de operações Arthur Faria, 32, tinham voltado de um passeio a um santuário de elefantes, em Chiang Mai, no norte do país e a cerca de 700 km de Bancoc. Eles descansavam no hotel após almoçarem. Por volta das 13h30, eles notaram que algo estava errado.
Eles sentiram a cama tremer de leve. "Achamos estranho, mas não percebemos que era um terremoto. De repente, o abalo ganhou intensidade. As portas dos guarda-roupas abriram, as coisas caíram no chão e a gente escutava todo mundo no hotel gritando", afirmou à reportagem Moreira, que ficou tonto naquele momento, em um ataque de labirintite.
Faria diz que o tremor mais intenso durou cerca de dois minutos. "Ficamos com medo porque a gente não está acostumado com essas coisas. No Brasil não tem terremoto, então a gente não sabia muito bem o que fazer."
Moreira afirma que os funcionários do hotel saíram do prédio e muitos pássaros começaram a voar ao mesmo tempo. "Aí ficamos bem assustados." Mesmo assim, o casal permaneceu por cerca de uma hora e meia no quarto. "A gente foi se arrumar para sair, mas o tremor parou", diz Faria.
O casal seguiu com os passeios planejados à tarde e vão continuar a viagem de três semanas, que estava apenas no segundo dia. Mas eles temem que novos tremores abalem a região. "A vida seguiu normalmente por aqui, mas claro, ficamos com um pouco de preocupação sobre a possibilidade de réplicas", disse Moreira.
Turistas de outras nacionalidades também relataram os momentos seguintes ao tremor. O ator alemão Dieter Schweinsberg, 74, morador de Pequim e em férias em Bancoc, enviou uma mensagem de áudio no meio da tarde descrevendo o pânico da situação.
"Meu prédio começou a balançar para a esquerda e para a direita, tremendo inacreditavelmente. Eu nunca tive essa sensação. Fiquei muito assustado, saí descendo as escadas instantaneamente e fiquei do lado de fora, olhando".
Schweinsberg disse no áudio que ouviu de alguém que havia ocorrido um terremoto em Mianmar e que as ondas de choque estavam chegando, caracterizando um tremor secundário. Ele voltou para seu quarto horas depois, no início da madrugada.

ASSUNTOS: Mundo