Prefeito de Istambul depõe pela primeira vez após prisão que desencadeou protestos em massa na Turquia
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal rival político do presidente da Turquia, Recep Erdogan, fez nesta sexta-feira (11) sua primeira aparição na Justiça para depor desde sua prisão em março, medida que causou protestos em massa no país contra o governo.

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Imamoglu é acusado de corrupção, mas prestou depoimento por supostamente insultar o principal procurador de Justiça de Istambul. No depoimento, realizado na prisão de Marmara, o político negou as acusações. Após a prisão, o governo Erdogan removeu Imamoglu do cargo de prefeito.
"Estou aqui porque venci três eleições em Istambul, uma cidade que já foi chamada de 'minha querida Istambul', uma cidade sobre a qual já se disse 'quem vence em Istambul vence na Turquia', uma cidade da qual eles acreditavam ser donos", disse Imamoglu, em aparente referência a Erdogan e seus aliados.
O político foi preso pelas acusações de corrupção e de apoio a um grupo terrorista seu partido, o Partido Republicano do Povo (CHP), entrou em coalizão com a sigla curda Igualdade e Democracia Popular (DEM), agremiação acusada de ligaões com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). O PKK é considerado um grupo terrorista pela Turquia, pelos Estados Unidos e uma série de países europeus.
No dia primeiro de março, o PKK anunciou um cessar-fogo com o governo turco após décadas de conflito armado na tentativa de criar uma região autônoma curda entra a Turquia, a Síria e o Iraque.
A prisão de Imamoglu causou protestos massivos na Turquia contra o governo Erdogan, que prendeu mais de 1.400 pessoas, inclusive sete jornalistas, em uma semana em uma tentativa de reprimir as manifestações. Erdogan também proibiu protestos em uma série de cidades, como Istambul, Ancara, a capital, e Esmirna.
Na audiência desta sexta, os procuradores anunciaram que vão pedir uma sentença de sete anos e quatro meses de prisão por falas de Imamoglu supostamente ameaçando o promotor Akin Gurlek, o que o prefeito nega. O próximo depoimento está marcado para junho.
Imamoglu, que nega as acusações e chamou o processo de perseguição política, foi escolhido por seu partido para concorrer como candidato à Presidência da Turquia nas próximas eleições, que devem ocorrer em 2028. Segundo a Constituição, Erdogan não pode concorrer novamente, mas parlamentares aliados já falam em aprovar uma lei abrindo caminho para um novo mandato.

ASSUNTOS: Mundo