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Primeira-ministra de Bangladesh renuncia, diz general; manifestantes invadem residência oficial

Por Folha de São Paulo

05/08/2024 9h45 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Centenas de manifestantes invadiram a residência oficial da primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, nesta segunda-feira (5), após a imprensa local afirmar que a líder havia renunciado e deixado o país em meio a uma onda de protestos.

Após os relatos nos jornais, o comandante do Exército de Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, confirmou a renúncia em uma mensagem à nação exibida pela televisão estatal. "Vamos formar um governo provisório", declarou o general.

A renúncia ocorreu após um dia sangrento no país asiático. O número de mortos nos confrontos em Bangladesh aumentou para 300 desde julho, quando começaram as manifestações. Somente neste domingo (4), 94 pessoas morreram, dia mais violento da jornada de protestos. O número é baseado em relatórios da polícia, autoridades e médicos dos hospitais que recebem as vítimas.

Antes da renúncia, neste domingo, um respeitado ex-chefe do Exército exigiu que o governo retirasse as tropas e permitisse os protestos. "Pedimos ao governo em exercício que retire imediatamente as Forças Armadas das ruas", disse Ikbal Karim Bhuiyan em uma declaração conjunta com outros ex-membros de alto escalão, condenando "assassinatos atrozes, torturas, desaparecimentos e detenções em massa".

No início desta segunda, já havia mobilização generalizada de policiais e soldados na capital, Daca, patrulhas rodoviárias e barricadas nas estradas de acesso ao gabinete da primeira-ministra.

No canal bengali Channel 24, foi possível ver uma multidão de pessoas entrando na residência de Sheikh Hasina. Há cenas de pessoas pegando cadeiras, derrubando móveis e quebrando portas de vidro.

O jornalista Yeasir Arafat, que estava dentro do Palácio de Ganabhaban, residência oficial do chefe de governo, disse à agência de notícias AFP que havia mais de 1.500 pessoas no local. "Estão quebrando móveis e vidros", afirmou.

Os protestos no mês passado começaram depois que grupos de estudantes exigiram o fim de um controverso sistema de cotas em cargos públicos.

Após as manifestações, a Suprema Corte do país determinou, no final de julho, que 93% dos empregos públicos de Bangladesh deveriam ser abertos a candidatos por mérito, 5% das vagas se destinariam às famílias dos combatentes, e os 2% restantes atenderiam pessoas com deficiência e outros grupos.

O recuo, porém, não foi suficiente para acalmar a população. Os protestos se transformaram em uma campanha pela destituição de Hasina, que conquistou o quarto mandato consecutivo em janeiro, em uma eleição boicotada pela oposição.

O número de mortos neste domingo, que inclui pelo menos 14 policiais, foi o mais alto em um único dia entre todos os protestos na história recente de Bangladesh, superando as 67 mortes relatadas em 19 de julho, quando estudantes saíram às ruas contra as cotas.

A praça central de Shahbagh, em Daca, ficou lotada com milhares de pessoas, muitas armadas com paus. Assim como vários outros pontos da cidade, o local virou palco de combates, segundo a polícia. "Houve confrontos entre estudantes e homens do partido no poder", disse o inspetor de polícia Al Helal à agência de notícias AFP.

Além de impor um toque de recolher, o governo decretou feriado nacional pelos próximos três dias. Alheios a isso, líderes das manifestações prometem engrossar o movimento neste começo de semana.

"O governo matou muitos estudantes. Chegou a hora da resposta final", disse o coordenador do protesto, Asif Mahmud, em comunicado no Facebook na noite de domingo. "Todos virão para Daca, especialmente dos distritos vizinhos. Venham para Daca e tomem uma posição nas ruas."


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