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Trump é ferido, mas passa bem após tiros em comício; suspeito é morto

Por Folha de São Paulo

14/07/2024 8h15 — em
Mundo



WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Donald Trump, 78, foi ferido após tiros serem disparados contra ele durante um comício em Butler, no estado da Pensilvânia. Segundo o ex-presidente, ele foi atingido por uma bala que perfurou a parte superior da sua orelha direita. A campanha do republicano diz que ele passa bem. O incidente está sendo investigado como uma tentativa de homicídio.

Um participante do comício foi morto e outros dois estão feridos em estado grave, segundo o Serviço Secreto dos EUA. O atirador suspeito foi morto pelo órgão.

O FBI, a polícia federal americana, assumiu a liderança da investigação. A divisão de segurança nacional do Departamento de Justiça deve abrir uma apuração também, segundo o New York Times. Isso significa que o incidente está sendo tratado como uma tentativa de assassinato com implicações para a segurança nacional, diz o jornal.

No momento em que os barulhos foram ouvidos, Trump levou a mão à orelha direita e, em seguida, abaixou-se, assim como vários apoiadores que apareciam no fundo da transmissão. Um grito que parecia de uma mulher pode ser ouvido ao fundo. Ao se levantar, ele tinha um pouco de sangue na orelha, nas bochechas e nas mãos.

Agentes do Serviço Secreto subiram no palco e retiraram o ex-presidente, escoltando-o até um carro. É possível ouvi-lo dizer "me deixe pegar meus sapatos, me deixe pegar meus sapatos". Trump então saiu do palco erguendo o punho, em um gesto para demonstrar força, enquanto o público ao seu redor gritava "USA! USA!" (sigla em inglês para EUA).

A foto do momento está sendo repostada por diversos de seus aliados e apoiadores nas redes sociais. Em seu perfil no X, Donald Trump Jr ., filho do republicano, postou uma dessas imagens com a frase "ele nunca parará de lutar para salvar a América".

O bilionário Elon Musk, dono da rede social, também postou um vídeo do momento em que Trump se abaixa no comício, aproveitando a publicação para oficializar seu apoio ao republicano na disputa pela Casa Branca.

O acontecimento embaralha ainda mais a corrida eleitoral pela Casa Branca contra o presidente Joe Biden, o provável adversário dos republicanos. Trump lidera a corrida por uma margem apertada, segundo pesquisas de intenção de voto.

A convenção republicana, em que ele será oficializado como o candidato do partido, está programada para começar nesta segunda (15). Segundo sua campanha, ele vai participar do evento.

Apostas em uma vitória do ex-presidente na eleição cresceram no site Polymarket em dez centavos, para 70%. A Pensilvânia é considerada chave para os dois candidatos por não ter uma preferência eleitoral clara. Em 2020, Biden venceu Trump lá por apenas 81 mil votos, um triunfo crucial para ser eleito.

Em um post na sua rede social, Truth, Trump agradeceu o serviço secreto e outras forças de segurança, e ofereceu condolências às famílias do participante que foi morto no comício e de um dos que estava ferido —o anúncio de que houve uma terceira vítima foi feito depois da publicação.

"É incrível que um ato desses possa acontecer em nosso país. Nada se sabe até o momento sobre o atirador, que agora está morto. Fui atingido por uma bala que perfurou a parte superior da minha orelha direita. Percebi imediatamente que algo estava errado ao ouvir um som sibilante, tiros, e imediatamente senti a bala rasgando a pele. Houve muito sangramento, então percebi o que estava acontecendo. DEUS ABENÇOE A AMÉRICA!", declarou.

Segundo o New York Times, um fuzil tipo AR semiautomático de um homem branco morto, suspeito de ser o atirador, foi encontrado.

"Um atirador suspeito disparou diversos tiros em direção ao palco a partir de um local elevado fora do espaço do comício. Agentes do Serviço Secreto dos EUA neutralizaram o indivíduo, que agora está morto", disse o porta-voz do órgão, Anthony Guglielmi.

Dado o forte esquema de segurança do ex-presidente, há questionamentos agora sobre como o atirador não foi identificado a tempo. Um homem entrevistado pela BBC disse à rede que avistou o atirador escalando o edifício e avisou policiais, mas que aparentemente nada foi feito.

Biden conversou com Trump na noite de sábado, segundo a Casa Branca, que não detalhou o conteúdo da conversa. Em um pronunciamento mais cedo na TV, o presidente disse que o republicano estava bem. "Não há lugar nos EUA para esse tipo de violência. É doentio. É por isso que precisamos unir esse país. Não podemos deixar isso acontecer", disse.

Um pouco antes, ele afirmou em nota que estava "grato em saber que ele [Trump] está seguro e bem". "Estou rezando por ele e sua família, e por todos que estavam no comício, enquanto aguardamos mais informações."

O democrata estava em uma missa em uma igreja no estado de Delaware quando o incidente aconteceu. A campanha do presidente trabalha agora para retirar propagandas políticas do ar e suspender o envio de emails, segundo a agência de notícias Associated Press.

Ele também antecipou seu retorno à Casa Branca para a noite deste sábado.

Trump tinha falado por cerca de dez minutos quando os sons foram ouvidos. Havia expectativa de que ele anunciasse sua escolha para vice-presidente no comício.

O ex-presidente estava animado, e começou o discurso afirmando que o partido é "o mais unido agora", em referência às dúvidas entre democratas sobre a candidatura de Biden. Ele também atacou a entrada recorde de imigrantes no país durante a gestão do democrata, e chegou a mostrar um gráfico disso para criticar o atual presidente.

Além de Biden, outros democratas também lamentaram o incidente. O governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, disse que foi informado sobre a situação e que "violência direcionada a qualquer partido político ou liderança política é absolutamente inaceitável".

O líder dos democratas no Senado, Chuck Schumer, se disse horrorizado com o que aconteceu e aliviado pelo fato de que o ex-presidente está seguro.

O comício acontecia em Butler, a cerca de uma hora de Pittsburgh, segunda cidade mais populosa da Pensilvânia, atrás apenas da Filadélfia.

Para participar do evento, era preciso fazer um registro online simples, que exigia poucas informações pessoais e, ao entrar nele, passava-se por uma checagem de segurança.

Em razão do calor, a segurança do comício foi afrouxada para permitir a entrada de guarda-chuvas, desde que estes não tivessem ponta de metal, e garrafas d'água, desde que de plástico. As instruções proibiam, no entanto, que os participantes portassem mochilas e bolsas no evento.

Segundo participantes, foi necessário passar por um detector de metais na entrada. A Pensilvânia exige verificação de antecedentes para vendas de pistolas, mas não para fuzis.

O presidente Lula (PT) chamou de inaceitável e repudiou o ataque contra Trump neste sábado. "O atentado contra o ex-presidente Donald Trump deve ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política. O que vimos hoje é inaceitável", escreveu em rede social.

Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros políticos do campo da direita brasileira publicaram mensagens em apoio e solidariedade ao candidato. Parte deles também está usando o atentado para criticar a esquerda e retomar o episódio da facada em 2018 na campanha brasileira.


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