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Veja o que se sabe sobre atentado contra o ex-presidente Donald Trump

Por Folha de São Paulo

14/07/2024 12h45 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi alvo de tiros enquanto discursava em um comício em Butler, no estado da Pensilvânia, neste sábado (13).

Após o ataque, era possível ver sangue escorrendo no rosto de Trump. Seus assessores afirmaram que ele passa bem.

Veja o que já se sabe sobre o ataque sofrido por Trump:

QUANDO E EM QUE CONTEXTO ELE OCORREU?

Em campanha para retornar à Casa Branca, Trump fazia comício neste sábado em Butler, cidade a cerca de uma hora de Pittsburgh, segunda cidade mais populosa da Pensilvânia. O estado é um dos que são considerados decisivos para o pleito americano por seu eleitorado não ser fiel a nenhum partido.

O discurso do ex-presidente foi interrompido pelo som de tiros.

Vídeos mostram Trump colocar as mãos no rosto e se abaixar em busca de proteção, assim como os seus apoiadores.

Após ser protegido por sua equipe, o ex-presidente fechou e levantou o punho direito, aos gritos de "USA" (sigla para Estados Unidos da América, em inglês).

TRUMP FOI ATINGIDO?

Segundo o próprio Trump, ele foi atingido por uma bala que perfurou a parte superior da sua orelha direita.

Seus assessores afirmaram que ele passa bem.

O esquema de segurança em torno de Donald Trump tornou-se alvo de questionamentos após o ex-presidente ser ferido. O principal alvo é o Serviço Secreto, responsável pela avaliação prévia de segurança, organização do esquema e supervisão da área.

Trump deixou a área de Butler sob proteção do Serviço Secreto e depois chegou ao seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey. O Serviço Secreto, em comunicado, negou acusações de alguns apoiadores de Trump de que havia rejeitado pedidos de campanha por segurança adicional.

HOUVE OUTRAS VÍTIMAS ALÉM DELE?

O Serviço Secreto dos EUA informou em nota que um participante do comício foi morto e outros dois estão feridos em estado grave.

Duas testemunhas disseram a veículos de comunicação americanos que viram um homem morto com um tiro na cabeça.

Além deles, o suposto atirador também foi morto, por agentes de segurança.

QUEM ERA O ATIRADOR E O QUE MOTIVOU O ATAQUE

O FBI, a polícia federal americana, revelou, na manhã deste domingo (14), a identidade do atirador de Butler. Trata-se de Thomas Matthew Crooks, 20.

Eles também declararam que a motivação por trás do ataque não foi determinada.

O incidente está sendo investigado como uma tentativa de homicídio.

Segundo o New York Times, um fuzil tipo do AR semiautomático foi encontrado na cena do crime.

Registros de eleitores estaduais mostram que Crooks era um republicano registrado. A eleição de 5 de novembro teria sido a primeira vez que Crooks teria idade suficiente para votar em uma eleição presidencial. Crooks morava cerca de uma hora de distância de onde ocorreu o tiroteio em Butler.

A Administração Federal de Aviação disse no domingo que fechou o espaço aéreo sobre Bethel Park por "razões de segurança especiais". Quando Crooks tinha 17 anos, ele fez uma doação de U$15 para o ActBlue, um comitê de ação política que arrecada dinheiro para políticos de esquerda e democratas, de acordo com uma declaração de arquivamento da Comissão Federal Eleitoral de 2021.

A doação foi destinada ao Progressive Turnout Project, um grupo nacional que mobiliza democratas a votar. Os grupos não responderam imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.

O pai de Crooks, Matthew Crooks, 53, disse à CNN que estava tentando entender o que aconteceu e esperaria até falar com as autoridades antes de falar sobre seu filho.

Thomas Crooks se formou em 2022 na Bethel Park High School, de acordo com o Pittsburgh Tribune-Review. Ele recebeu um "prêmio estrela" de U$500 da National Math and Science Initiative, de acordo com o jornal. Um vídeo da cerimônia de formatura de 2022 citado pelo New York Times mostra Crooks recebendo seu diploma do ensino médio com alguns aplausos.

Autoridades disseram no sábado que Crooks não portava identificação no local do tiroteio e teve que ser identificado usando outros métodos, como DNA e fotografias.

O USA Today relatou que dezenas de veículos de aplicação da lei estavam estacionados do lado de fora de uma residência listada no registro de eleitores de Crooks.

Agentes do Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives estavam no local e um esquadrão antibombas estava na residência, informou o USA Today. O perímetro da residência do suspeito estava guardado no domingo por fita de precaução policial amarela. Um veículo da Polícia do Condado de Allegheny estava estacionado do lado de fora.

A Meta, empresa-mãe do Facebook e Instagram, ainda não responderam a perguntas sobre se as plataformas haviam removido contas relacionadas ao suspeito.

JORNALISTA ESPORTIVO ITALIANO É FALSAMENTE IDENTIFICADO COMO O ATIRADOR

Um jornalista esportivo italiano disse neste domingo (14), que tomará medidas legais depois de ser falsamente identificado nas redes sociais como o suspeito de um atentado contra o candidato à presidência dos EUA, Donald Trump. Uma mensagem amplamente compartilhada na plataforma X diz: "De acordo com o Departamento de Polícia de Butler, o atirador de Trump foi preso no local e foi identificado como Mark Violets, membro da Antifa." A mensagem era acompanhada por uma foto do jornalista italiano Marco Violi. Ele é o editor do romagiallorossa.it, um site de fãs do clube de futebol italiano AS Roma.

"Eu nego categoricamente que esteja envolvido nessa situação", escreveu Violi, com base em Roma, em uma postagem do Instagram, dizendo que foi acordado no meio da noite por notificações do Instagram e X relacionadas à postagem.

Violi culpou dois usuários italianos do X por espalharem informações falsas contra ele e disse que iria à polícia na segunda-feira para denunciá-los e à mídia que divulgou a mensagem deles. Chamando os usuários do X de "perseguidores", Violi disse que tem sido alvo deles há anos e que os processos criminais contra eles estão em andamento. "Peço gentilmente para ser deixado em paz, pois sou vítima disso desde 2018", escreveu.

QUAIS OS IMPACTOS DO ATENTADO PARA AS ELEIÇÕES À PRESIDÊNCIA DOS EUA?

O acontecimento embaralha ainda mais a corrida eleitoral pela Casa Branca. Trump lidera a corrida por uma margem apertada, segundo pesquisas de intenção de voto. Apostas em uma vitória do ex-presidente na eleição cresceram no site Polymarket em US$ 0,10 (R$ 0,54), para 70%.

A convenção republicana, em que ele será oficializado como o candidato do partido, está programada para começar nesta segunda (15). Segundo sua campanha, ele vai participar do evento.

O tiroteio de sábado no comício eleitoral do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, aumenta suas chances de reconquistar a Casa Branca, e as negociações apostando em sua vitória aumentarão na próxima semana, disseram investidores no domingo.

Antes do tiroteio, os mercados reagiram à perspectiva de uma presidência de Trump, impulsionando o dólar e se posicionando para uma curva de rendimento do Tesouro dos EUA mais íngreme, e essas negociações podem se fortalecer na próxima semana, disse Rong Ren Goh, gestor de portfólio na equipe de renda fixa da Eastspring Investments em Cingapura.

Embora tiroteios em massa em escolas, boates e outros locais públicos sejam uma característica regular da vida americana, o ataque foi o primeiro tiroteio contra um presidente dos EUA ou candidato de um grande partido desde a tentativa de assassinato do presidente republicano Ronald Reagan em 1981.

Em 2011, a então deputada democrata Gabby Giffords foi gravemente ferida em um ataque a um encontro de eleitores no Arizona. O representante republicano Steve Scalise também foi gravemente ferido em um ataque politicamente motivado em 2017 a um grupo de representantes republicanos praticando para um jogo de beisebol de caridade. Giffords posteriormente fundou uma importante organização de controle de armas, e Scalise permaneceu um defensor firme dos direitos das armas.

O ataque aumentou as preocupações de longa data de que a violência política possa eclodir durante a campanha presidencial e após a eleição. As preocupações refletem em parte a polarização do eleitorado, com o país parecendo amargamente dividido em dois campos com visões políticas e sociais divergentes.

Os apoiadores de Trump invadiram o Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em uma tentativa de reverter sua derrota eleitoral, alimentados por suas alegações falsas de que sua derrota foi resultado de fraude generalizada. Cerca de 140 policiais ficaram feridos na violência, quatro participantes do motim morreram naquele dia, um policial que respondeu morreu no dia seguinte e quatro policiais que responderam morreram posteriormente por suicídio.

COMO LÍDERES MUNDIAIS E OUTRAS FIGURAS INFLUENTES REAGIRAM AO EPISÓDIO?

O principal adversário de Donald Trump na corrida eleitoral, o presidente Joe Biden, condenou o atentado. Em pronunciamento, o democrata chamou de doentia a violência por trás dos disparos.

Segundo a Casa Branca, o líder chegou a falar com Trump na noite de sábado, mas o conteúdo da conversa não foi detalhado.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o episódio era inaceitável e "deveria ser repudiado veementemente por todos os defensores da democracia e do diálogo na política".

Enquanto isso, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros políticos do campo da direita no país publicaram mensagens em apoio e solidariedade ao candidato. Parte deles também está usando o atentado para criticar a esquerda e retomar o episódio da facada em Bolsonaro na campanha brasileira.

Ainda entre os líderes internacionais, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse "condenar fortemente o ataque" e afirmou que "violência não tem espaço na política e em democracias".

Já na seara empresarial, uma das primeiras declarações de apoio a Trump foi a do bilionário Elon Musk, presidente da SpaceX e da Tesla, que rapidamente usou a rede social de que é dono, X, para afirmar que "endossa totalmente o presidente [sic] Trump". "Espero sua rápida recuperação", escreveu.

Outro bilionário americano, Bill Ackman —que ganhou projeção ao fazer críticas contra a primeira mulher negra a ocupar o posto de reitora da Universidade Harvard—, também apoiou a candidatura do republicano após o episódio deste sábado. "Acabei de endossá-lo", escreveu ele no X.

O fundador da Amazon, Jeff Bezos, elogiou a coragem de Trump durante o ocorrido. "Estou muito grato por sua segurança e triste pelas vítimas e suas famílias", publicou.

Tim Cook, CEO da Apple, disse estar rezando por Trump e pelas vítimas do atentado. "Condeno fortemente essa violência", disse ele.


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