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Violência política contra mim levou a tentativa de assassinato, diz Cristina Kirchner em julgamento

Por Folha de São Paulo

14/08/2024 14h00 — em
Mundo



SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quase dois anos após ser alvo de uma tentativa de assassinato em Buenos Aires, a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner compareceu a um tribunal na manhã desta quarta-feira (14) para dar um depoimento sobre o caso.

Como esperado, a peronista criticou, em um depoimento de quase uma hora e vinte minutos, o tratamento que recebeu da imprensa durante seus dois mandatos à frente do país e associou uma das acusações de corrupção que sofreu nos últimos anos ao atentado.

"Luciani contribuiu com a violência política. Ele teve horário nobre por 22 dias quando fez uma acusação de corrupção não contra mim, mas contra o peronismo", afirmou, citando o promotor Diego Luciani. Ele foi o responsável pela denúncia que levou Cristina a ser condenada à prisão por desvio de verbas na província de Santa Cruz.

"Isso motivou manifestações na porta da minha casa que finalmente resultaram no tiro fracassado, com a bala que não saiu", concluiu a ex-presidente no julgamento, que começou no dia 26 de junho.

Em setembro de 2022, Fernando Sabag Montiel, na época com 35 anos, apontou uma arma contra a vice-presidente no momento em que ela chegava a sua casa, no bairro da Recoleta, na capital argentina. A peronista deixava seu carro para cumprimentar uma multidão que a esperava quando o agressor tentou disparar o revólver a menos de 1 metro do rosto dela. A arma falhou.

Montiel, um brasileiro criado no país vizinho, sua namorada, Brenda Uliarte, e o chefe de ambos em um empreendimento de algodão-doce, Nicolás Gabriel Carrizo, são acusados de tentativa de homicídio qualificada, o que pode levar a uma pena de até 20 anos de prisão.

A estratégia da defesa de Cristina é reforçar a hipótese de que há mais envolvidos no atentado além dos três.

"Um dos autores materiais pediu para ser defendido por Luciani. Há os autores materiais, mas não os financiadores", afirmou a ex-presidente. "Depois da pandemia, a violência política cresceu. Atacaram meu gabinete no Senado com pedras e nem a Polícia da Cidade de Buenos Aires nem a Polícia Federal intervieram."

Antes disso, Logo no início do depoimento, Cristina mostrou capas de revistas que a retratavam quando era presidente e que, na sua visão, eram agressões de gênero. Em uma delas, Cristina aparecia crucificada.

"Vejam que contexto atual", afirmou ela ao mostrar uma caricatura que a mostrava com um olho roxo. A declaração é uma referência à denúncia de Fabiola Yáñez contra o ex-presidente argentino Alberto Fernández, com quem já foi casada, por agressão.

Na semana passada, fotos da ex-primeira-dama machucada nos olhos e nos braços chegaram à imprensa, levando diversos aliados a criticar o peronista. Fernández, que chegou à Casa Rosada com Cristina como vice, nega ter agredido a ex-companheira.

"Dizem que quero me fazer de vítima, não é uma questão de se fazer de vítima", diz ela. "Não sou feminista, mas foi uma violência simbólica. Quando me colocam com um olho roxo, alguns gostariam de me bater. Muita, muita violência. Sempre."

Após prestar o depoimento, Cristina deixou o tribunal cercada de simpatizantes e foi à sede do Instituto Patria, no centro de Buenos Aires, onde apoiadores também a esperavam.


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