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Washington reforça segurança para confirmação de Trump quatro anos após invasão do Capitólio

Por Folha de São Paulo

05/01/2025 23h15 — em
Mundo



WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Quatro anos depois de assistir a uma violenta invasão do Capitólio promovida por apoiadores de um derrotado Donald Trump, Washington ampliou o esquema de segurança para a sessão em que o Congresso confirmará a vitória do presidente eleito, o próprio republicano.

Trump, que se recusou a aceitar o triunfo de Joe Biden em 2021, insuflando o motim daquele 6 de janeiro, será ratificado nesta segunda (6) como o novo ocupante da Casa Branca. O cenário de agora, porém, está diferente daquele ano. A sessão ocorrerá sob expectativa de uma das piores nevascas em anos na capital americana e sem sinais de tentativas de subversão do resultado eleitoral.

Ainda assim, por causa dos distúrbios de 2021, que deixaram cinco mortos e centenas de feridos, desta vez o processo de certificação, que consiste na contagem e verificação dos 538 votos do Colégio Eleitoral, foi designado pela primeira vez como um Evento Nacional de Segurança Especial. Isso permite que o Serviço Secreto dos EUA coordene os esforços pela proteção do Congresso.

Essa classificação é concedida a cerimônias de grande porte, como a posse presidencial em si -que ocorre no próximo dia 20- e as convenções dos partidos Democrata e Republicano.

A medida atende a um pedido da prefeita de Washington, Muriel Bowser, e de integrantes do comitê de parlamentares que investigaram o 6 de Janeiro.

Por isso, cercas que foram instaladas ao redor do Capitólio para a eleição, em novembro, continuarão de pé. O prédio estará fechado para o público; só entrarão visitantes oficiais e membros credenciados. Até 2021, o evento era tratado como uma sessão protocolar, sem chamar atenção.

Apesar do reforço de segurança, não há expectativa de grandes manifestações em frente ao Capitólio, até porque os democratas já disseram que vão aceitar o resultado das urnas.

A certificação da vitória é similar à diplomação do presidente no Brasil, mas nos Estados Unidos esse processo é conduzido pelos congressistas e pelo vice-presidente da República, que neste ano será justamente a candidata derrotada nas urnas por Trump: Kamala Harris. O presidente eleito não participa do processo e não comparece ao evento.

Ainda em 2022, a Polícia do Capitólio anunciou mudanças no esquema de segurança do edifício, dizendo ter acatado 90 das 100 mudanças recomendadas pelo colegiado no Congresso.

Houve investimento tanto em equipamentos e treinamento de inteligência como na infraestrutura do prédio. Janelas danificadas foram substituídas, portas foram reforçadas, e novas câmeras de segurança, instaladas. O Congresso aprovou uma lei destinando US$ 529,7 milhões para esses gastos.

Na sessão conjunta entre Câmara e Senado, os congressistas fazem a abertura das cédulas e somam os votos do Colégio -Trump venceu Kamala em novembro por 312 a 226.

Em 2021, apoiadores do republicano invadiram o Capitólio justamente para impedir essa contagem e evitar a confirmação da eleição de Biden. Então presidente, Trump pressionou seu vice, Mike Pence, a questionar formalmente o processo.

Isso levou à aprovação de uma lei, em 2022, segundo a qual o vice-presidente não tem a prerrogativa de questionar ou interferir no resultado do Colégio Eleitoral, mas sim apenas de anunciá-lo.

Mais de 1.500 pessoas foram condenadas pelos tumultos. Trump afirmou mais de uma vez durante a campanha que pretende perdoar parte dos que respondem a processos, desde que sejam inocentes. Chegou a dizer que o 6 de Janeiro representou um "dia do amor" em que "nada de errado" aconteceu.

Nos Estados Unidos, a Constituição permite que o presidente conceda indultos, sem necessidade de aval da Justiça ou de outros membros do governo.

No dia da invasão, Trump sabia que ocorria um ato de apoiadores na capital americana e os instigou a ir ao Congresso. "Nós vamos marchar até o Capitólio. E nós vamos aplaudir nossos corajosos senadores, deputados e deputadas", afirmou o republicano. "Eu sei que todos aqui vão em breve marchar para o Capitólio para que suas vozes sejam ouvidas de uma maneira pacífica e patriótica."

Depois, ao assistir às cenas de violência na TV, o republicano se limitou a publicar uma mensagem pedindo que o protesto fosse pacífico.

Durante o anúncio dos votos, há espaço para que parlamentares questionem a validade dos apoios dados pelos delegados eleitorais, o que não deve ocorrer.

Desde que o Código Eleitoral de 1887 entrou em vigor, houve apenas dois questionamentos aos votos do Colégio. Em 1969, o plenário contestou o voto de um delegado da Carolina do Norte, que escolheu um candidato defensor da segregação racial em vez de seguir a votação popular, que elegeu Richard Nixon. Em 2005, uma senadora democrata questionou o resultado de Ohio, alegando supressão de votos. Ambos os pedidos foram rejeitados nas votações.


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