Administração de David Almeida teve escândalo bilionário no apagar das luzes
A administração do ex-governador interino do Amazonas, David Almeida (PSB) aproveitou o apagar das luzes para publicar, no Diário Oficial do Estado (DOE) do seu último dia de governo, um contrato milionário, sem licitação, com a empresa mineira de tecnologia da informação Ezo Soluções Interativas Ltda., para recuperação de valores do Fundo de Compensação de Valores Salariais (FCVS) da Superintendência de Habitação ao Amazonas (Suhab), mediante uma `taxa` de 20%. Em menos de dois meses depois, a empresa, que não não tem em seu contrato social atividades financeiras, informou que havia recuperado R$ 27,3 bilhões e queria receber R$ 5 bilhões do Estado.
O contrato foi publicado no dia 4 de outubro do ano passado, no dia da transmissão do cargo do governo interino para o governador eleito Amazonino Mendes (PDT). Foi assinado pelo então superintendente da suhab, nomeado por David Almeida, Nilson Soares Cardoso Júnior, ex-chefe da Casa Militar da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE) e ex-diretor-presidente do Instituto Municipal de Trânsito de Manaus (Intrans), na administração do ex-prefeito e atual deputado estadual Serafim Corrêa (PSB).
No último dia 6 de março, o juiz Ronnie Frank Torres Stone, da Justiça do Amazonas, atendeu um pedido da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e mandou parar e suspender qualquer atividade relacionada ao `contrato` da Suhab com a Ezo para negociar com o FCVS. O contrato já havia sido anulado administrativamente pelo atual diretor-presidente da Suhab, Diego Afonso, em publicação do DOE, no dia 28 de outubro do ano passado. O FCVS foi criado Sistema Financeiro da Habitação com a finalidade de cobrir o saldo residual que porventura existisse ao final do contrato de financiamento da casa própria.
O juiz diz, na decisão, em ação movida pela suhab: causa estranheza o fato de que, uma vez anulado o contrato pela atual administração da Suhab, a Ezo informou ter recuperado R$ 27,3 bilhões em apenas dois meses, motivo pelo qual faria jus aos honorários de R$ 5 bilhões. Ele também diz que é questionável a transparência do processo, uma vez que tem conteúdo sem qualquer pertinência com o serviço apontado no contrato, com a cobrança de nota fiscal de uma outra empresa.
Em consulta na internet (https://www.consultasocio.com/q/sa/paulo-henrique-julio-ciccarini) é possível verificar que a Ezo Solucoes Interativas tem como sócios Paulo Henrique Julio Ciccarini e Estafany Lúcia Cardoso da Silva Ciccarini, com capital social de R$ 50 mil e atividade econômica principal consultoria em tecnologia da informação. No seu site, a empresa não informa o Estado do Amazonas como seu cliente. Diz que é especializada em `Soluções Customizadas`, `Ensino à Distância`, `Comércio Eletrônico` e `Novas Tecnologias`.
David coleciona escândalos em pouco tempo
A administração interina do deputado David Almeida (PSB) no governo do Amazonas foi envolvida em vários outros grandes escândalos, mesmo a custa de milhares de reais dos cofres públicos com propaganda, feita por ele próprio e pelos assessores. O primeiro escândalo foi que, meses da eleição suplementar no Amazonas, a gestão de David Almeida pagou R$ 10,5 milhões de uma desapropriação de terra aos sogros do deputado estadual e então candidato a vice-governador do Estado Abdala Fraxe (PTN), que compunha a chapa apoiada por ele. David, para se manter no cargo de governador interino, apoiou a ação do PTN, de Abdala Fraxe, no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a eleição direta para governador do Estado.
Depois veio o escândalo do uso da Superintendência de Habitação do Estado (Suhab) pelo grupo político de David Almeida para fins eleitoreiros. o Ministério Público Federal (MPF) recebeu denúncia e entrou com ação para investigar a denúncia de que 47 funcionários foram demitidos pelo então diretor-presidente Nilson Soares Cardoso Junior Nilson, que foi candidato a vereador de Manaus pelo PTN, em 2016, por não aceitarem participar das caminhadas e ações de campanha eleitoral.
Outro escândalo foi o vazamento áudio do irmão de David Almeida ameaçando a diretora do Instituto Gente Amazônica (Igam) que denunciou o superfaturamento em contrato sem licitação, para 780 cirurgias, no hospital Delphina Aziz, por R$ 8,4 milhões, com o Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento (Imed), o que dá em torno de R$ 10 mil por procedimento. O Ministério Público de Contas do Estado pediu suspensão do contrato, apontando indícios de irregularidades, como o sobrepreço de R$ 7 milhões, e a grave violação à ordem jurídica e dano ao patrimônio público.
Em março deste ano, David Almeida, como presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE), faltou a quatro das 12 sessões da Casa, e não é possível saber se teve descontos no salário, pois a ALE não disponibiliza o contra-cheque para ver se a casa descontou as faltas no salário dele. Em todas as faltas, ele alegou sempre o mesmo motivo. Disse que estava “em viagem a Brasília, representando o Poder Legislativo na Câmara Federal”,. Na página oficial do deputado na ALE e em suas redes sociais não há uma única informação sobre as viagens que ele alegou ter feito.
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