Empresário recebia mesada de R$ 1 milhão de Mouhamad, diz PF
Manaus/AM - O empresário pecuarista José Lopes alvo da operação Eminência Parda, 6ª fase da Maus Caminhos, deflagrada nesta terça-feira (30), era vizinho do médico Mouhamad Moustafá o que facilitava o pagamento mensal de R$ 1.040.000 desviados de recursos da saúde do Amazonas, segundo informação da Polícia Federal (PF). De acordo com as investigações, esses valores foram repassados pelo período de dois anos, caracterizando o crime de peculato.
"A investigação detectou que haviam repasses mensais de R$ 1.040.000, ao menos pelo período de dois anos que essas entregas ocorreram ao pecuarista. É possível dizer que foram realizadas mais de 20 entregas desse valor. A investigação detectou ao menos 13 eventos dessas entregas feitas pelo médico responsável pelo Instituto Novos Caminhos (INC) para o empresário pecuarista aqui do Amazonas. O pecuarista não tinha contratos com o Instituto Novos Caminhos, ele só recebia esses valores. Ele morava no mesmo condomínio do Mouhamad, o que facilitava esses repasses de recursos ilícitos”, disse o delegado da PF responsável pela operação Alexandre Teixeira.
O delegado ainda complementou que em 2016, quando o Amazonas decretou situação de emergência na área da saúde, se constatou que o pagamento mensal de R$ 1 milhão ao pecuarista foi realizado. Nesse mesmo período o Estado recebeu R$ 30 milhões do Governo Federal para auxiliar no pagamento aos seus fornecedores na área da saúde.
A PF também explicou que a operação apura o crime de lavagem de dinheiro com a participação do empresário Gustavo Macário Bento, dono da empresa G.H. Macário Bento, cunhado de José Lopes. Essa empresa chegou a ser contratada pelo INC em 2014 para prestar serviços de fornecimento de refeições para as unidades de saúde gerenciadas por Mouhamad Moustafá. Esse contrato servia para realizar a lavagem de dinheiro dos valores mensais recebidos por José Lopes por meio de fraudes em contratos e sobrepreços em alguns serviços prestados.
A PF cumpriu nesta terça-feira mandados de prisão preventiva de José Lopes em Boca do Acre e de Gustavo Macário, preso em Manaus. Ainda uma assessora de José Lopes foi presa em Rio Branco, capital do Acre. Segundo as investigações ela atuava no recebimento dos recursos desviados.
Ainda foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Manaus e Boca do Acre e também em Rio Branco, além de 7 mandados de bloqueio de contas de pessoas físicas e jurídicas no montante de aproximadamente R$ 20 milhões.
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