Estudo busca causas de falha na comunicação entre médicos e pacientes terminais
Dar uma notícia difícil causa impacto tanto nos pacientes quanto nos profissionais de saúde, tornando-se muitas vezes uma árdua tarefa para as equipes de saúde e, principalmente, para os médicos. Essa comunicação entre a equipe médica, família e paciente no processo de fim da vida, indispensável para diminuir o impacto emocional e permitir a assimilação da nova realidade, foi objeto de uma pesquisa acadêmica, realizada com fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) por meio do Programa de Apoio à Iniciação Científica do Amazonas (Paic).
Desenvolvida pela estudante do 12° período de medicina, Priscila Manuela Alves Charlete, da Universidade Nilton Lins, sob orientação do psicólogo, Ms. André Luis Sales da Costa, da Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), a pesquisa buscou analisar comportamento dos profissionais da medicina em relação à terminalidade dos pacientes, identificando as dificuldades e os conflitos éticos enfrentados na comunicação de diagnósticos e prognósticos de doenças em estágio terminal.
Omitir informação
Segundo Priscila Charlete, a ideia foi tentar compreender e analisar os motivos que levam alguns profissionais de medicina, em algumas situações, omitir a informação de terminalidade aos pacientes com doenças ameaçadoras da vida, uma vez que a comunicação entre médico e paciente tem fundamental relevância no processo de cura, melhora ou aceitação da doença pelo paciente.
Para o orientador, a importância da pesquisa foi instigar, provocar e promover mudanças nas atitudes e condutas sobre a entrega de notícias difíceis. Assim, pode-se promover debates que ampliem a formação do profissional de saúde a lidar com a dor do outro, desenvolver a escuta ampliada, além de inserir mudanças na grade das disciplinas de saúde que abarquem os temas morte e notícias difíceis.
“Percebemos, conforme a literatura, que os profissionais de saúde ainda não sabem lidar com os aspectos emocionais advindos dos familiares e pacientes no momento da entrega da notícia difícil. Destarte, por mais que se entregue ao familiar, a notícia não é entregue de forma humanizada, parcimoniosa, e empática. Em alguns casos, é delegada a outros profissionais, de outros setores, a tarefa da entrega do diagnóstico”, afirma.
Entrevistas
Do total de 83 médicos da Fcecon, 13 participaram da entrevista da pesquisa. Entre eles, nove homens e quatro mulheres, com idades entre 30 e 60 anos, que atendem menos de 10 ou mais de 30 pacientes com diagnóstico de terminalidade, por mês, na Fundação.
Priscila relata que foi aplicado um questionário dividido em duas partes. A primeira parte objetivou levantar o perfil sociodemográfico dos médicos. A segunda parte foi estruturada com perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado pudesse discorrer livremente sobre o tema do roteiro.
Foto: Érico Xavier/Fapeam
ASSUNTOS: diagnóstico, família, fapeam, impacto emocional, informação, médico, morte, paciente, pesquisa, Amazonas