Menina de 10 anos com raiva humana morre em Manaus
Manaus/AM - A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado informou neste sábado (02) o falecimento da menina de dez anos que estava internada na unidade desde o dia 17 de novembro, com diagnóstico de encefalite viral. O Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) confirmou o diagnóstico para Raiva Humana.
Uma equipe do Ministério da Saúde (MS) está no Amazonas desde sexta-feira (1º), para acompanhar o trabalho que vem sendo feito pelas autoridades de saúde local. Na manhã deste sábado, eles estiveram na FMT-HVD, com o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Bernardino Albuquerque. Também vão acompanhar os trabalhos preventivos, de profilaxia e de investigação que estão sendo comandados pela FVS-AM na área da Resex do rio Unini, onde a criança morava. Ela é irmã do adolescente que também foi a óbito em decorrência da doença, causada pelo vírus rábico.
A suspeita de Raiva Humana foi levantada desde o início, por conta do histórico dos pacientes para mordida de morcego. Familiares relataram que os irmãos haviam sido atacados pelo animal na comunidade Tapira, no Rio Unini, zona rural de Barcelos, onde residiam.
Investigação - De acordo com o diretor de Doenças Transmitidas da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), órgão do MS, Márcio Garcia, a equipe de saúde do Amazonas interviu de forma oportuna e precisa na interrupção do surto de raiva humana no município amazonense.
De acordo com a FMT-HVD, apesar de todos os esforços no atendimento à paciente, incluindo a adoção do Protocolo de Milwaukee, indicado pelo Ministério da Saúde, com uso dos medicamentos Biopterina e Amantadina, as chances de sobrevivência eram mínimas desde o início. O tratamento é responsável pelos três únicos casos de cura de raiva humana registrados no mundo.
“O estado dela, desde que deu entrada na unidade, era gravíssimo. Todos os cuidados e procedimentos foram cumpridos, mas não houve involução no quadro. Infelizmente, a letalidade da doença é de 99,9%”, destacou o médico infectologista da FMT-HVD, Antônio Magela, que, junto com uma equipe de pediatras e intensivistas, cuidou da paciente. Ele informou que a paciente apresentou pela manhã instabilidade hemodinâmica, com parada cardio-respiratória não responsiva à reanimação.
“É uma doença rara no País, assim como não é comum a transmissão por morcegos, o que deve ser investigado. O Ministério da Saúde tem feito esse trabalho de acompanhamento sempre que detectado algum caso com o intuito de evitar novas transmissões”, declarou o diretor-presidente da FVS-AM, Bernardino Albuquerque. Ele ressaltou que os casos mais significativos aconteceram em cidades da fronteira entre o Pará e o Maranhão, entre 2004 e 2005, com 44 pessoas infectadas que foram a óbito. No Amazonas, dois casos foram detectados em 2002, também com óbito.
Segundo o diretor-presidente da FVS-AM, por ser uma situação nova, a transmissão por morcegos vem sendo estudada nos últimos casos.
Vacinação é indicada
A FVS-AM esclarece que a prevenção contra raiva humana, através do uso do soro e vacina está indicado aos pacientes com risco de desenvolver a infecção seja por mordedura de animais suspeitos ou no caso pela agressão de morcegos. O tratamento é feito em quatro doses. De acordo com as informações da Secretaria Municipal de Saúde de Barcelos, a equipe do órgão encontra-se na região do rio Unini, para realizar a sorovacinação profilática nas pessoas agredidas por morcegos nos últimos doze meses.
As ações de vacinação, humana ou animal, são municipalizadas, ou seja, a responsabilidade da execução é das 62 Secretarias Municipais de Saúde do Amazonas, que devem realizar anualmente as campanhas de imunização de cães e gatos em todas as comunidades de seu território e também os esquemas de sorovacinação de profilaxia da raiva humana nas pessoas agredidas por animais.
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