Sue Cann, 54, conta que foi vítima de uma cláusula do contrato que prevê o pagamento de 28 dias de cuidados em caso de “mudança repentina ou morte do paciente”. O asilo alega que o valor cobre o que a casa deixará de ganhar pelo período em que o quarto não é ocupado. 

Sue, que trabalha em um petshop, recebeu a conta ontem (22), dia seguinte ao funeral de seu pai, Kenneth, que morreu no mês passado aos 79 anos. Ele havia passado 17 meses no asilo, serviço pelo qual pagou mais de R$ 169 mil. 

Logo após o funeral de seu pai, Cann falou sobre o choque de ter sido cobrada por 28 dias extras de cuidados do asilo, mesmo que o paciente nunca mais usará tais serviços:

- Como eu poderia ter avisado a clínica que o meu pai ia morrer? Ninguém sabe quando alguém vai morrer. Na verdade, eles me cobram por 28 dias depois da morte, o que é muito cruel e insensível.

O pai de Sue trabalhou para a Companhia de Gás Britânica por 42 anos e foi parar no asilo após uma longa batalha contra a demência. Ele morreu em 30 de janeiro, nove meses após sua esposa Winnie, 74, perder sua batalha contra o câncer de ovário.

Sue conta que o pai economizou dinheiro a vida inteira para sua aposentadoria, mas tudo foi gasto em cuidados médicos. Ela não acha justo que o pai continue pagando mesmo após de morto.

- Minha mãe assinou o contrato e eu não sei se ela estava ciente dessa cláusula dos 28 dias. Muitas vezes, você assina sem ler as letras miúdas. Estávamos mais preocupados com o tempo que o papai ainda tinha e o lugar que ele passaria seus últimos dias.

Ela disse que entende que a casa terá custos no período entre a morte de seu pai e com a chegada de outro residente.

A chefe-executiva da Associação Nacional de Cuidados de Saúde, Sheila Scott, disse que cobrar por não ter avisado da morte não é prática comum.

- Os contratos dizem que os moradores precisam avisar sobre saída com até um mês de antecedência. Isso é justo e razoável. No entanto, quando alguém morre, é uma questão completamente diferente. Eu esperaria uma semana a dez dias para cobrar.

Em nota, o asilo escreveu:

- Lamentamos profundamente qualquer sofrimento causado à senhora Cann. Estamos conversamos para chegarmos a um acordo sobre o ocorrido. Cobrar por períodos de aviso prévio é uma prática padrão do mercado. É uma estratégia para garantir a funcionalidade dos lares, manter quartos disponíveis para que as famílias possam remover objetos pessoais, entre outras medidas para a entrega do alojamento.

A empresa acrescentou que o período de aviso prévio para a morte será agora reduzido para sete dias. A casa de repouso também prometeu esperar mais tempo após a morte para emitir uma carta de cobrança.