Bombeiros orientam população sobre riscos de tomar banho em áreas alagadas
O Corpo de Bombeiros do Amazonas realizou, durante o fim de semana, uma operação educativa para orientar a população de Manaus sobre os riscos de tomar banho nas áreas alagadas por causa da cheia. Os novos balneários naturais não apresentam condições de segurança para mergulho das pessoas e trazem riscos de transmissão de doenças e morte por afogamento. A ação segue determinação do governador Omar Aziz de oferecer mais auxílio às famílias afetadas pela enchente em Manaus.
A cheia do Rio Negro aumentou a quantidade de balneários alternativos na orla de Manaus. Bairros como Puraquequara, São Raimundo, Glória e Educandos, cortados por igarapés, são os locais preferidos pelos banhistas, principalmente as crianças, que brincam sem se dar conta dos riscos de tomar banho nessas áreas. Até maio deste ano, em todo o Amazonas, o Corpo de Bombeiros registrou 24 casos de afogamento envolvendo crianças e adolescentes, número considerado preocupante pelo órgão.
Para o Corpo de Bombeiros, os índices têm relação direta com a cheia. Com a chegada do verão, a tendência é aumentar. A finalidade da operação educativa é mostrar para as pessoas que os locais alagados não apresentam a segurança necessária para o banho.
“A área alagada não é ideal para mergulho. Além de tudo, as pessoas precisam portar equipamentos de segurança. A orientação para os pais e responsáveis de crianças, que são as pessoas que têm menos noção do perigo, é que não deixem eles brincar nesses locais. Já tem ocorrido casos de afogamento de crianças e adolescentes nesses locais, que são totalmente inadequados para o banho”, enfatizou o chefe de Comunicação do Corpo de Bombeiros, Major Frank Borges.
A equipe dos bombeiros percorreu toda a orla de Manaus e a Ponte Rio Negro, onde a população pesca e toma banho aos fins de semana. Pela orla da cidade, os bombeiros flagraram diversas crianças desacompanhadas tomando banho nas águas poluídas. No São Raimundo, os bombeiros encontraram um grupo de crianças, com idade a partir de cinco anos, usando um barco naufragado como escorregador para mergulhar no rio.
Também no São Raimundo, os bombeiros flagraram alguns adolescentes pulando da ponte que liga o bairro ao centro da cidade para o rio. Eles nadavam sem se preocupar também com as embarcações que usam o lugar como rota de navegação. Um outro grupo de crianças, abordado pela equipe da operação dos bombeiros, na região do Bariri, estava em uma canoa sozinho, sem qualquer responsável.
Jacarés e cobras — Moradora do bairro São Raimundo há vinte anos, a dona de casa Nilza Teixeira, disse que é comum encontrar crianças e adolescentes brincando na orla desacompanhadas durante todo o ano. Ela disse que ainda não testemunhou nenhum acidente, mas que os moradores costumam encontrar, com frequência, jacarés e cobras.
A dona de casa disse que até tenta convencer as crianças a não tomarem banho na área, mas é em vão. “Eles vão embora para o meio do rio nadando. Eu mando eles sairem, mas não saem. Responsabilidade dos pais de deixarem essas crianças irem para a água. É um perigo e a água está fazendo mal, dando dor de barriga nelas”, afirmou.
A equipe da operação educativa dos bombeiros falou com alguns pais e responsáveis, mas a maioria não foi encontrada para responder pelas crianças expostas ao risco. “Nesse primeiro momento, é um trabalho de cunho educativo. Para uma ação mais incisiva, a gente precisa agir em conjunto com outros órgãos, como o conselho tutelar”, reforçou Major Borges.
ASSUNTOS: Manaus