Promotor tenta impedir ato de prevenção ao coronavírus no Amazonas
Coari/AM - O promotor de Justiça Wesley Machado está sendo acusado de abuso de autoridade após tentar impedir uma ação de prevenção ao coronavírus em Coari, no interior do Amazonas, e ir até a residência da procuradora do município questioná-la sobre o assunto.
Alegando que o decreto do governo do Estado em suspender o transporte fluvial para conter a pandemia era inválido, o promotor tentou impedir que a Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria Municipal de Saúde do município fizessem o seu trabalho de conscientização e fiscalização nos portos do município.
Em depoimento, o secretário de Segurança, PM William Mendonça de Souza, afirmou que a situação que deixou toda a equipe se sentindo desmoralizada, teria ocorrido para favorecer a assessora pessoal do promotor que queria viajar até Manaus.
Segundo ele, as secretarias de Segurança e Saúde do município estavam no Porto da cidade montando operação de prevenção desde às 5h30 da manhã, orientando e conscientizando os comandantes de embarcações, passageiros e tripulantes, quando por volta de 6h30, o promotor Wesley Machado chegou acompanhado de dois seguranças e sua assessora pessoal, questionando o comandante de uma lancha por qual motivo a embarcação não seguiria viagem para Manaus.
O promotor teria dito aos secretários que o decreto não possuía validade jurídica e que o governador não tinha competência para o ato. O secretário de Segurança mostrou a cópia do decreto e falou que as pastas deveriam cumprir o ato e fazer com que a saúde dos envolvidos recebesse atenção redobrada por conta da pandemia.
O promotor, então, resolveu ir, acompanhado de Wesley Machado, até a residência da procuradora-geral de Coari, Laura Macedo Coelho, questionar a validade do decreto, acompanhado de seus dois seguranças, motorista, e da assessora.
Como é possível ver no vídeo, o promotor desce do carro, abre o portão do complexo que dava acesso ao apartamento e bate na porta do imóvel diversas vezes. Em depoimento à polícia, a colega de quarto da procuradora, Deborah, contou que acordou com um forte barulho e respondeu os questionamentos, dizendo que Laura não estava lá e informando onde a procuradora havia passado a noite. O promotor teria, ainda, mandado Déborah ligar para Laura, e em seguida foi embora sem explicações e sem apresentar quaisquer documentos que justificassem sua visita pessoal à residência.
Segundo o secretário de Segurança, o promotor decidiu ir até a casa onde a procuradora estava. O secretário, no entanto, teria intervido. Ainda não satisfeito, o promotor voltou ao Porto e "determinou" ao secretário de Segurança que as duas embarcações que ali estavam atracadas deveriam seguir viagem, alegando que o decreto não possuía validade jurídica. Ele afirmou ainda que iria entrar ainda nesta sexta-feira (20) com uma ação contra o Estado, pois considera o ato "absurdo".
O secretário afirmou que se sentiu coagido e na sensação que seu serviço estava sendo jogado fora, e que todos na operação se sentiram desmoralizados. Ainda assim, continuaram informando aos passageiros e tripulantes sobre cuidados e formas de prevenção contra o coronavírus Por fim, o grupo percebeu que a assessora pessoal do promotor entrou em uma das lanchas rumo a Manaus, fazendo com que todos ali interpretassem que a situação se deu para favorecer a ida da mulher até a capital amazonense.
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