Manaus/AM - Uma adolescente de 12 anos que foi estuprada por anos pelo ex-marido da tia, tentou revelar na frente dos fiéis de uma igreja evangélica em Manaus que era estuprada constantemente pelo homem, que também era membro do templo.

O suspeito foi preso nessa segunda-feira (6), no bairro Dom Pedro, após a polícia descobrir várias outras vítimas além da adolescente. Todas eram sobrinhas de ex-companheiras do acusado, que aproveitava sempre o momento em que ficava a sós com elas para cometer os estupros.

Segundo a delegada Juliana Tuma, no caso da adolescente, a mãe da vítima era sócia da, até então esposa do agressor, e costumava deixar a filha na residência do casal quando ela e a mulher iam fazer compras.

O caso veio à tona em abril deste ano, quando a mãe da garota descobriu os abusos após a filha dar um depoimento na igreja que o tio frequentava.

Na ocasião, a menina pediu para dar um “testemunho” durante o culto e chegou a fazer uma carta sobre o ocorrido para ler diante do autor e da congregação, mas bastante traumatizada, não conseguiu ler o depoimento.

Segundo a delegada Juliana Tuma, durante o testemunho, a menina falou apenas que precisava “perdoar uma pessoa que lhe fez muito mal”. A declaração foi gravada e fez com que a mãe desconfiasse de que algo estava errado e descobrisse tudo.

“A mãe ficou sabendo que ela havia sofrido muito numa situação e queria perdoar alguém que havia feito muito mal a ela. Após esse vídeo na igreja filmado pela plateia, a mãe ao chegar em casa perguntou a sua filha o que estava acontecendo. E aí a filha fez a revelação de que havia sido abusada sexualmente por esse homem dos 6 aos 10 anos”.

A menina contou que sofreu por anos com marcas pelo corpo e que se sentia suja, com nojo de si mesma, por isso, começou a se automutilar, tentou suicídio mais de uma vez e pensou em fugir.

“Ela não teve coragem de ler, o autor suspeito estava na plateia da igreja e a inclusive no vídeo a gente escuta uma voz que, possivelmente seria dele, dizendo graças a Deus quando ela diz que não leria a carta (...) Ela chegou a fazer automutilação, tentou três vezes o suicídio”.

Após tomar conhecimento do caso, em abril deste ano, a polícia começou a investigar o homem e descobriu mais outras duas mulheres, de 22 e 24 anos, que também foram violentadas pelo acusado, assim como outros familiares dele.

A própria mãe da menina de 12 anos já tinha sido assediada pelo homem quando era criança. “A própria genitora da vítima também já foi abusada sexualmente. Ele tentou abusar sexualmente dela, inclusive oferecendo quantias em dinheiro”, diz Juliana.

O homem teve a prisão decretada, mas nega o crime. Ele alega que é perseguido pela família. Segundo a delegada, a adolescente que denunciou o caso só o fez porque voltou a morar com o suspeito e isso acabou apavorando a mesma.

“Ela voltou a morar com o suspeito, a mãe começou a desconfiar muito de uma certa rebeldia. Isso é algo que a gente chama atenção aqui uma mudança de comportamento da criança de uma hora para outra essa criança começou a ficar rebelde, a baixar o rendimento escolar e isso causou uma desconfiança na mãe, por isso a mãe pedia tanto que essa criança fosse a igreja”, ressalta.