Manaus/AM- A advogada criminalista Nicolly Menezes, denunciou o ex-marido, Ygor Pereira, por agredi-la e mantê-la em cárcere por dias em uma residência em Manaus, após ela sofrer um aborto.

Segundo a vítima, o homem praticou violência psicológica contra ela e a deixou trancada sem água, enquanto ela ainda se recuperava da perda do filho.

“Tudo começou quando eu perdi meu filho, eu estava grávida, perdi meu filho numa sexta-feira, ele me deixou sozinha na maternidade. Após isso, após ele me buscar na maternidade, eu ter constatado o meu aborto, ele sumiu e apareceu três dias depois me deixando em cárcere, não tinha água para beber, não tinha nada (...) O dono do apartamento teve que se retirar de onde ele estava para ir abrir a porta e levar água para mim. Foi quando ele ficou quase uma semana assim fora de casa”, afirma.

A advogada precisou ser resgatada do local e relata que depois disso, passou a ser ameaçada por Ygor, o homem teria chegado ao mandar mensagens ameaçadoras.

“Ele resolveu me ameaçar, me mandou umas mensagens com teor de ameaças. Eu cheguei proibir a entrada dele, sim. Nessa semana, segunda-feira, disse a ele para não ir lá, mas ele retornou na quarta e a minha vizinha me falou que ele ficou cerca de 40 minutos lá, tentou subir. Eu não sei se ele conseguiu, porque eu havia pedido para tirar a digital dele lá do bloco. Não fui nem para casa dos meus parentes, porque ele sabe onde é”.

Nicolly conta que estava morando com Ygor há cinco meses e que nesse período, foi deixada em cárcere pelo menos quatro vezes. Ela conta que o ex-companheiro a deixava trancada e sumia por dias sob a desculpa de estar trabalhando.

“Ele já serviu no Exército, foi soldado e chegou até a patente de sargento. E agora ele é motorista de aplicativo (...) Quando ele sumia, que eu descobria que ele estava em algum balneário ou em algum bar bebendo com os amigos, eu mandava várias mensagens para ele para saber onde é que ele estava, porque eu estava trancada, eu precisava trabalhar e às vezes meu crachá estava dentro do carro, ou ele estava com a chave. E ele me mandava mensagem: "Você é louca? Isso é coisa de doida”.

A advogada contou que demorou para perceber que estava sendo vítima de violência e que só se deu conta ao compartilhar a situação com uma amiga.

“Apesar da minha violência ela não ter sido física, ela foi psicológica. Só que ela foi tão profunda quanto uma violência física (...) Eu fico me perguntando como que eu não percebi, se eu sempre estudei os sinais, se eu sempre alertei as mulheres sobre os sinais e eu só consegui cair a ficha de tudo ontem, que eu estava sendo vítima quando a Lara, a jornalista, pediu para que eu encaminhasse os prints à ela. E quando eu li as mensagens, foi que eu realmente tive a certeza que eu estava sendo vítima de violência doméstica”, porque até então isso não passava pela minha cabeça”, desabafa.