Manaus/AM - Um homem, 23, que não teve o nome divulgado, foi preso nessa terça-feira (19), por estuprar uma menina de 10 anos, que é filha adotiva do ex-companheiro dele, 52, no bairro Cidade de Deus, na zona norte.

A criança foi violentada por cerca de dois anos e pode ter contraído HIV, uma vez que o pai descobriu recentemente que é soropositivo e manteve relações sexuais com o abusador por cinco anos.

Além da menina, o pai também tem outros três filhos adotivos, sendo um menino de 10 anos, um adolescente de 15 e uma jovem de 20 anos. Todos moravam na mesma residência com a vítima e o casal. 

De acordo com a delegada Joyce Coelho, o caso chegou à polícia no dia 28 de dezembro de 2023, depois que a própria menina contou à irmã mais velha sobre os estupros.

Ela disse que aos 8 anos, o companheiro do pai passou a violentá-la e que os abusos ocorriam constantemente. Logo depois da revelação, o pai foi internado e diagnosticado com HIV.

“Ela só teve condições de revelar para a irmã a violência que vinha sofrendo quando o pai foi internado porque é soropositivo. E isso causou uma preocupação ainda maior na irmã com relação ao que foi relatado pela criança” diz Joyce Coelho.

A criança disse ainda que chegou a contar para o pai sobre os abusos, mas ele foi ignorada por ele. “Segundo ela, ela também traz o relato de que algumas vezes ela acabou contando para o pai e que ele não acreditava na menina. Não se sabe se ele não acreditava simplesmente ou se ele estava na verdade protegendo o ex-companheiro”, destaca.

O relacionamento entre o pai e o estuprador só acabou porque o suspeito descobriu sobre a doença do parceiro e decidiu abandoná-lo. Enquanto estava no hospital, o pai soube que a filha havia prestado denúncia sobre os estupros do ex e como foi autuado por omissão, fugiu assim que recebeu alta médica.

O ex-padrasto, porém, foi localizado pela polícia enquanto trabalhava na Feira da Manaus Moderna, nessa terça-feira, e acabou preso. Ele confirmou que conviveu com a vítima e os irmãos por anos, mas negou os estupros.

Contudo, a essa altura, a vítima já tinha passado por exames de corpo de delito que comprovaram a violência sexual crônica.

“Infelizmente, é confirmado nos exames médicos periciais que essa criança realmente vinha sofrendo abusos. Inclusive aparecia cronicidade desses abusos, ou seja, há bastante tempo ela vinha sendo abusada”, afirma a delegada.

A partir de agora, a polícia vai conversar com os irmãos da menina para descobrir se eles também podem ter sido vítimas de violência sexual por parte do ex-padrasto. 

A adoção ilegal das crianças também será investigada, uma vez que nenhum dos filhos sequer sabe dizer quem são suas mães.

“Com certeza é uma adoção que a gente diz uma adoção à brasileira, uma vez que as crianças nem sabem relatar sobre a própria origem (...)  Elas não sabem mencionar sobre a sua árvore genológica, todos só sabem falar sobre a questão do abuso sexual dessa criança”, pontua Joyce.

Quanto ao fato da possibilidade de menina abusada ter contraído o HIV, a delegada explica que ela foi encaminhada para acompanhamento médico e que essa informação deve permanecer em sigilo.

“Tem toda uma sigilosidade com relação aos laudos médicos. A gente encaminha essa criança para alguns atendimentos necessários. Na verdade, ela foi encaminhada ao IML, onde a gente visa detectar o abuso. Todas as vítimas de abuso sexual precisam ser encaminhadas ao SABS, que é o Atendimento de Vítimas de Violência Sexual, onde o serviço de saúde vai proceder a todos os exames, vai também fazer a profilaxia medicamentosa de possíveis achados, vai prevenir a gravidez, doenças, infecções sexualmente transmissíveis”.