Aliado de Bolsonaro cotado para eventual pasta da Segurança diz que Moro não é técnico da área
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Cotado para assumir o Ministério da Segurança Pública caso a pasta seja recriada, o ex-deputado federal Alberto Fraga (DEM-DF) defende a autonomia da estrutura federal do Ministério da Justiça e avalia que, apesar de o ministro Sergio Moro ser "um ícone no país", a atividade da segurança precisa ser coordenada por um técnico da área.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o coronel reformado da Polícia Militar do Distrito Federal disse que provavelmente aceitaria assumir a nova função caso fosse convidado pelo presidente e afirmou que uma separação das pastas não representaria um ataque ou um desprestigio ao ministro da Justiça, uma vez que, na sua avaliação, o ministério já tem atividades "bastante amplas".
"Eu acho Sergio Moro um excelente jurista. Um ícone no nosso país no combate à corrupção. Agora, defendo que a atividade de segurança pública precisa de alguém que seja técnico da área. Ou seja, alguém que militou na área", disse.
Na quarta-feira (22), em encontro com secretários estaduais de segurança pública, ao qual Moro não foi chamado, o presidente disse que estuda a recriação de uma pasta dedicada à Segurança Pública.
Nesta quinta-feira (23), Bolsonaro voltou a sugerir a possibilidade e ressaltou que Moro provavelmente seria contra, o que foi interpretado por aliados do ministro como uma tentativa do presidente de enfraquecê-lo.
"Não seria um desprestígio. As atividades do Ministério da Justiça já são bastante amplas. Eu defendo a separação não importa quem seja o ministro. Tanto é que já defendia quando o ministro da Justiça ainda era Márcio Thomaz Bastos (2003-2007), na época do PT. Não é nada contra o Moro", afirmou.
Apesar de Fraga ter se reunido no final de semana com Bolsonaro, o amigo do presidente afirma que não conversa sobre o assunto com ele há mais de nove meses. O ex-deputado ressaltou também que não foi feito nenhum convite para assumir uma eventual novo cargo de ministro.
"Todo mundo sabe que eu sou Bolsonaro e faria o que ele mandar eu fazer. Evidentemente, se o convite fosse feito, pensaria com muito carinho. É provável que eu aceitasse, porque sempre foi a minha área", afirmou. "Se essa pasta fosse separada, a sociedade ganharia mais", acrescentou.
O ex-deputado federal reclamou das críticas que tem sofrido nas redes sociais por apoiadores de Moro e defendeu o trabalho das polícias estaduais. Para ele, é uma injustiça atribuir a Moro a queda nas taxas de homicídios, tendência iniciada ainda na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB) e acelerada agora.
"Eu acho uma histeria dos seguidores do Moro em me atacar. O que eu tenho a ver com isso? Nada", afirmou. "Dizer que os números foram reduzidos por conta do Sergio Moro é uma tremenda injustiça com os governos estaduais e com a policias estaduais", ressaltou.
Se o Ministério da Segurança for recriado, a pasta hoje comandada por Moro sofrerá novo esvaziamento.
Desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2019, o ex-juiz da Lava Jato já viu seu poder ser reduzido quando perdeu o antigo Coaf, rebatizado de UIF e subordinado atualmente ao Banco Central.
Moro poderá perder ainda a Polícia Federal, que responde administrativamente à Justiça. No desenho anterior do Ministério da Segurança, na gestão Temer, o órgão passou a ser vinculado à pasta.
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